segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Discurso de Posse de Hugo de Castro Machado no Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais - Cadeira 61 - Patrono: Visconde de Abaeté


  29 de outubro de 2022 na Casa de João Pinheiro


Hugo de Castro Machado proferindo seu discurso de posse



(Saudação às autoridades...)


A esta tribuna sagrada subo, como uma cátedra maior de todos aqueles que lutam pela preservação da história, memória e salvação do patrimônio cultural material e imaterial; local que todos nós sonhamos alcançar, a fim de poder propagar e anunciar as infinitas riquezas das Minas e das Gerais, subo, nesta manhã, para meu primeiro pronunciamento como Associado Efetivo, ao ocupar a Cadeira nº 61, tendo como Patrono o Diplomata e Jurista Antônio Paulino Limpo de Abreu, o Visconde de Abaeté.

Antes de tudo, agradeço! Agradeço a Deus, Pai Onipotente, pelos dons e até mesmo pelas dificuldades que Dele recebi. À Santíssima Beata Virgem Maria, Senhora do Perpétuo Socorro, que, com seu carinho maternal, sempre nos abençoa e protege. Agradeço aos confrades desta Casa, em especial aos membros da Comissão de Admissão que referendaram meu nome. À querida madrinha Professora Regina Almeida, a quem beijo as mãos, o meu carinho. Agradeço as palavras tão belas e gentis do amigo de longa data Dr. Ozório José de Araújo Couto. Fiquei muito honrado e feliz quando soube que seria apresentado pelo senhor.

Há cerca de quinze anos, frequento este lar que ajudou a forjar meu pensamento, amor e minha dedicação à história, à geografia e às ciências correlatas à origem e à evolução de nosso Estado. Por este motivo, antes de iniciar meu pronunciamento protocolarmente, reverencio a memória do Presidente João Pinheiro, patrono maior desta casa e seus companheiros Augusto de Lima, Prado Lopes, João Luiz Alves, Francisco Alves Júnior, Cel. Francisco Bressane, Olinto Meireles, Estevam Pinto, Pedro Sigaud, Major João Líbano Soares, Rodolfo Jacob e o Coronel Júlio César Pinto Coelho. A eles, nossos mais sinceros respeitos e agradecimentos por fundar esta importante instituição. Impossível não saudar a memória dos amigos e mestres que já partiram para a Morada Celeste e marcaram esse lugar: Dr. Jorge Lasmar, Professor Raimundo Nonato Fernandes, Gilberto Madeira Peixoto, o primo Dr. Deusdedit Pinto Ribeiro de Campos e meu padrinho Dr. Mário de Lima Guerra, de quem falarei adiante.

Caro Presidente, diletos amigos, uma vez que nesta manhã temos a alegria de receber, pela primeira vez nesta Casa, inúmeras pessoas que vieram prestigiar este humilde empossando, vale ressaltar a origem e o papel desta instituição. Em 21 de outubro de 1838, criou-se o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o IHGB, inspirado no Instituto Histórico (Institut Historique), fundado em Paris, em 1834. Membros da "boa sociedade", figuras importantes da elite econômica e literária do Rio de Janeiro, associaram-se de imediato ao novo Instituto. Desde a sua inauguração, o IHGB contou com a proteção de Sua Majestade Imperial, o Imperador D. Pedro II, expressa por uma ajuda financeira que, a cada ano, significava uma parcela maior do orçamento do Instituto. Foi somente, porém, a partir de 1840, que Magnânimo, além de participar frequentemente de suas sessões, tornou-se o grande incentivador da Instituição.

Já Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais foi fundado em 16 de junho de 1907 e instalado em 15 de agosto do mesmo ano em Belo Horizonte, a exemplo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Naquele ano, era Antônio Augusto de Lima quem dirigia novo apelo à comunidade de intelectuais mineiros. No entanto, foi numa reunião realizada no “Clube Floriano Peixoto”, cujo Presidente era o Coronel Júlio César Pinto Coelho, que se corporificou a ideia de sua fundação. Nesse Clube, associavam-se políticos, médicos, empresários e juristas, como o professor e escritor Nelson Coelho de Senna, o Senador José Pedro Drumond, Dr. Prado Lopes, o Senador Bernardino de Lima, Dr. Cícero Ferreira, Dr. Olinto Meireles, Dr. Rodolfo Jacob, Dr. Vaz de Lima, Major João Líbano Soares, e muitas outras personalidades significativas do Estado.

A missão da instituição é preservar, produzir e divulgar registros históricos de Minas Gerais, sendo áreas de estudo, pesquisa, divulgação e consultoria do IHGMG, dentre outras: História, Geografia, Antropologia, Arqueologia, Genealogia, Heráldica, Medalhística, Paleontologia, Sociologia.

Os associados são divididos nas seguintes categorias, cujas vagas são preenchidas nos termos regulamentares:

I. Efetivos: em número de 100 (cem), residentes no Estado de Minas Gerais, por período mínimo de 5 (cinco) anos, regularmente empossados em Cadeiras com patronos definitivos;

II. Correspondentes: em número ilimitado, residentes fora de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, e sem condições de frequentar regularmente as atividades da Associação;

III. Honorários: personalidades que, por reconhecida expressão moral e cultural e por excepcionais destaques sociais, foram tidas como merecedoras da homenagem de ingresso no quadro associativo;

IV. Beneméritos: pessoas e entidades públicas ou privadas que tiverem prestado serviços ou benefícios relevantes à Associação.

Ressalte-se ainda que este Instituto é órgão consultivo do Governo do Estado de Minas Gerais para assuntos pertinentes às questões históricas, tendo ainda os governadores do Estado como presidente de honra da casa, caso tomem posse solene de acordo com o estatuto.

Caros amigos, é esta instituição tão importante que me acolhe neste dia. É neste Olimpo do conhecimento que adentro, despojado como fez o Santo de Assis, renascendo para o bem servir da memória gloriosa de Minas Gerais.

Agradeço de forma muito especial à memória de meu amado e saudoso pai, Professor Afonso Joaquim Soares de Castro, a minha família aqui presente, a minha amada mãe Regina, o apoio incondicional e forte em todos os momentos; a minha irmã Amanda e minha sobrinha e afilhada Valentina, que mesmo distantes estão sempre tão próximas, bem como a meus avós Levi Gabriel, Vera Lúcia e Amélia e meu saudoso avô João Batista; minhas tias maternas Vanilza e Angelina que se deslocaram de Unaí para nos prestigiar. Minha noiva Letícia pelo companheirismo e apoio de sempre! Aos amigos, principalmente àqueles que são nosso porto seguro, leves como uma brisa e suaves como um bálsamo, que nos encorajam e fortalecem pelo simples gesto da lembrança, grato pelo apoio e paciência. Enfim, a todos vocês aqui presentes que tiraram um pouco desta manhã, vindo de vários lugares, para prestigiar esse momento tão importante para mim.  

A alegria não me coube no peito! Esta foi a sensação que tomou conta de mim quando recebi do queridíssimo Dr. Antônio Carlos Albuquerque o comunicado de minha aprovação. Sou o primeiro pompeano nato eleito para este sodalício, e isso é duplamente honroso uma vez que também representarei o meu torrão, minha amada Pompéu, Mesopotâmia do Centro-Oeste Mineiro, cercada pelos Rios São Francisco, Pará, Paraopeba, Peixe e Pardo. Local que impressionou Antônio Pompeo Taques naqueles idos de 1718, quando fundou a Fazenda de Nossa Senhora da Conceição que, com o tempo, passou a ser denominada somente com o nome de seu primeiro morador Pompeo, que o povo, com o costume natural, transformou em Pompéu. O Pompeo que recebeu Inácio e Joaquina, originando uma das maiores famílias do Brasil. O Pompeo que recebeu Von Eschwege, Von Martius e Spix. Terra que produziu mantimentos para abastecer a Corte Portuguesa recém-chegada dos embargos napoleônicos, em 1808, e que, em 1823, saciou a fome das tropas que lutavam por nossa Independência no Recôncavo Baiano. Pompéu, das mulheres fortes e aguerridas que muito antes dos movimentos feministas já se dedicavam às lutas por causas importantes. Da forte produção agropastoril, carregamos em nossa alma os anseios do trabalho que dignifica o homem. Por ser deste local e carregar esse orgulho, peço força e destemor para essa missão, espelhando sempre em meu patrono e nos que me antecederam nesta Cadeira.

Caros amigos, antes de fazer o elogio ao patrono de minha Cadeira, rendo minha homenagem ao Dr. Mário de Lima Guerra, meu predecessor, mais que um amigo, um mestre, um mentor!

Dr. Mário nasceu em sua amada Sabará, em 14 de julho de 1940, Casa nº. 28 da Rua do Kaquende, em frente ao chafariz do mesmo nome.

Filho do Sr. Marcelino da Silva Guerra, Maquinista da Estrada de Ferro Central do Brasil, e de Dona Efigênia Machado de Lima Guerra, mais conhecida por Dona Geny Guerra, Enfermeira Obstetra, diplomada pela antiga Escola de Enfermagem “Hugo Werneck”, de Belo Horizonte.

Dr. Mário teve quatro irmãos, sendo que dois faleceram quando crianças. Uma é irmã de criação, a Sra. América Pertence Brito, residente em São Paulo, e a outra é a historiadora, escritora e Professora Maria de Lourdes Guerra Machado, que continua residindo em Sabará, na Rua Dom Pedro II.

Seu avô paterno era da região de Bragança, Portugal, e sua avó paterna era de Juiz de Fora e seu avô materno era de Sabará, e sua avó materna, de Congonhas do Sabará, atual Nova Lima.

Fez na sua terra natal o Curso Primário e os Cursos Ginasial e Técnico em Contabilidade. 

Foi economista pela UFMG, com especialização em Administração de Empresas.

Dr. Mário exerceu as funções de professor desde os 15 anos de idade, tendo lecionado em todos os níveis da Educação, de alfabetização até a Pós-Graduação. Foi o Fundador e Reitor da Faculdade de Sabará, mas, na sua juventude, além de professor, foi Operário da Siderúrgica Belgo-Mineira e Funcionário do INSS. 

Após sua graduação como Bacharel, ocupou cargos de Diretoria e Gerência em doze empresas nacionais e multinacionais, como Mannesmann, Belgo-Mineira, Cenibra e Cia. Mineira de Mineração. Na Administração Pública, foi Chefe de Gabinete da Secretaria de Estado de Administração nos Governos Tancredo Neves e Eduardo Azeredo.

Dr. Mário foi membro e dirigente de diversas entidades empresariais, tanto regionais como nacionais, e participou ativamente de inúmeros Congressos, Simpósios e Seminários, tanto no Brasil como no exterior.

Realizou viagens de negócios, de estudos ou a passeio, por diversos países, entre eles Estados Unidos, Alemanha, Japão, Portugal, França, Inglaterra, Espanha, Itália, alguns da América Latina e por quase toda a Escandinávia.

Ao se aposentar, em 1993, dedicou-se inteiramente a sua própria empresa, fundada em 1975, a “Mário Guerra Consultoria”.

Já nos tempos de estudante, Dr. Mário iniciou sua participação em trabalhos de voluntariado, atuando em movimentos cívicos, religiosos, filantrópicos, educacionais e culturais. Dentro desta vocação, foi Presidente da União Estudantil de Sabará, Diretor do Grupo “Escoteiro Borba Gato” e fundador do jornal “Tribuna Estudantil”. Posteriormente, já adulto, presidiu a Sociedade de São Vicente de Paulo, a Ordem Terceira do Carmo e a Irmandade da Santa Casa, todas em Sabará, sempre trabalhando gratuitamente.

Na cidade de Caeté, foi Fundador e Diretor do “Lions Clube” e Diretor do Clube Social “SAC”.

Fundador do Círculo Monárquico de Minas Gerais, Dr. Mário foi seu primeiro Presidente, tendo-me indicado para ocupar seu lugar ao Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, no ano de 2016, cargo em que estou até o presente momento.

Foi também Conselheiro da Associação Comercial de Minas Gerais e Membro do Conselho Deliberativo do Clube Recreativo Mineiro de Belo Horizonte.

Dr. Mário foi Associado do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais; Sócio Fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Ciclo do Ouro, com sede em Sabará; Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Alto Rio das Velhas, com sede em Nova Lima; Sócio do Clube Mineiro de Tiro Prático (Reg. Ministério Exército CR-40498); Conselheiro Honorário da Fundação “Roque Camêllo”, de Mariana; Comendador da Associação Brasileira de Medalhística Militar do Rio de Janeiro; Sócio Benemérito da Associação da Polícia Civil de Minas Gerais, além de ter-se mantido ligado à Sociedade de São Vicente de Paulo e à Ordem Terceira do Carmo, estas duas últimas em Sabará.

Recebeu o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte em 12 de abril de 2004.

Tendo como “hobby” a pesquisa histórica de Minas Gerais, possui diversos trabalhos sobre esse assunto, além de outros de sua especialidade econômico-administrativa publicados em jornais, revistas e livros.

Era casado havia 52 anos com a Professora Marli Maia Guerra. A filha do casal é a médica Christina, casada com o empresário Luiz Roberto. O filho do casal é o advogado e administrador Marcelino, casado com a administradora Cristiana. Os netos são Mário Henrique, João Paulo e Letícia, a quem saúdo com muita alegria neste momento, rendendo as mais sinceras homenagens e expressando meu desejo de cumprir com nobreza seu legado.

Aos novos associados cabe fazer um elogio ao seu patrono!

As pesquisas sobre meu patrono levariam horas a fio para serem resumidas em um discurso, devido a sua ampla memória e a seu legado.

Antônio Paulino Limpo de Abreu, Visconde de Abaeté, nasceu em Lisboa, a 22 de setembro de 1798, filho do Tenente-Coronel Manoel do Espírito Santo Limpo e de Maria da Maternidade de Abreu e Oliveira.

Ainda criança veio para o Brasil e quase certo teve uma infância feliz, tal como o jovem príncipe Dom Pedro, uma vez que, ao descortinar a bela e tropical cidade do Rio de Janeiro para quem, nascido em Portugal, atravessar o Atlântico, com as consequências dos embargos napoleônicos que assombravam as potências europeias, seria uma descoberta impressionante na fase de formação intelectual. Essa formação, aliás, foi lapidada nos primeiros estudos de humanidades no Seminário São José, até hoje um dos principais seminários religiosos do Brasil, localizado no Rio Cumprido, donde saem formados grandes sacerdotes do clero não somente carioca, mas de todo o País.

Assim como meu predecessor Dr. Mário de Lima Guerra, aproveito o ensejo para manifestar minhas homenagens à Dinastia Bragantina, que, com tanta fé e ardor, governou Portugal e o Brasil. Dom João, ao vir para estes trópicos, alicerçou as bases desta nação predestinada a um futuro glorioso.

Em 1815, Antônio Paulino retorna a Portugal onde cursa Direito na Universidade de Coimbra, bacharelando-se em 1820, quando contava 22 anos de idade. Nesse mesmo ano, regressa ao Brasil, já ingressando na vida pública. Aos 31 anos, em 1829, na Real Vila de Paracatu do Príncipe, casa-se com Dona Ana Luíza Carneiro de Mendonça, filha do Tenente-Coronel João José Carneiro de Mendonça e de Dona Josefa Maria Roquete Franco. Fato curioso desta união é ser Dona Ana Luíza, irmã de Mariana Carneiro de Mendonça, que, por sua vez, era casada com Antônio de Abreu Castelo Branco, neto de Dona Joaquina do Pompéu e do Capitão Inácio de Oliveira Campos, sendo filho do Tenente Ignácio, que se havia mudado para a Vila do Paracatu depois de herdar o grande latifúndio do noroeste mineiro, deixando ali vasta descendência.

Desse matrimônio, nasceram os seguintes filhos: Alonso Limpo de Abreu, casado com sua prima Genoveva Carneiro de Mendonça; Henrique Limpo de Abreu, casado com sua prima Cristina Carneiro de Mendonça; Mariana Limpo de Abreu, casada com Antônio Paulo Mello Barreto; Amasili Limpo de Abreu, solteira, e Antônio Paulino Limpo de Abreu (homônimo do pai), casado com Luíza Helena de Carvalho Franco.

A biografia de meu patrono é riquíssima e invejável, tendo-se notabilizado em todas as áreas em que atuou. Atentemos para o fato de que, como bem lembra um dos meus predecessores nesta Cadeira, o Desembargador Marcos Henrique Caldeira Brant, na época, “não havia incompatibilidade do exercício alternado de cargos da magistratura com cargos políticos: parlamentares e administrativos”.

Na magistratura, meu patrono alcançou todos os degraus de forma brilhante, iniciando sua carreira em 1821 como Juiz de Fora da Comarca do Rio das Mortes, cuja sede era São João del-Rei, sendo depois promovido a Ouvidor da Comarca de Paracatu do Príncipe, em 1823. De 1826 a 1828, foi promovido a Desembargador do Tribunal da Relação na Bahia e, em 1828, designado Promotor da Justiça da Casa da Suplicação. De 1833 a 1846, foi promovido a Desembargador para o Tribunal da Relação do Rio de Janeiro, chegando a exercer sua presidência. A Ministro Adjunto do Conselho Supremo Militar e da Justiça foi elevado, ocupando o cargo de 1837 a 1838. Em 1846, chegou ao ápice da carreira quando promovido a Ministro do Supremo Tribunal de Justiça, atual Supremo Tribunal Federal, cargo em que se aposentou em 1848.

Por força da Constituição Imperial de 1824, Antônio Paulino foi declarado brasileiro, ficando ligado às Minas Gerais, Província que o acolheu e que ele consolidou como sua terra!

Na vida político-partidária, foi deputado por cinco legislaturas pela Província de Minas Gerais, na Assembleia Legislativa Geral, de 1826 a 1837, quando exerceu os cargos de terceiro e quarto secretário, e a presidência por duas vezes, de forma alternada, a saber, de 1833 a 1834 e de 1845 a 1846. Foi presidente da Província de Minas Gerais por duas vezes alternadas, de novembro de 1833 a março de 1834, e de dezembro de 1834 a abril de 1835, encerrando sua carreira parlamentar como Senador Vitalício por Minas Gerais, de 1847 a 1873, chegando a exercer a presidência daquele outrora glorioso Senado por 12 anos consecutivos, de 1861 a 1873.

Na administração pública, Antônio Paulino ocupou a chefia de cinco ministérios, ora simultaneamente, ora separadamente, tendo chegado ainda à presidência do Conselho de Ministros. Foi Ministro de Estado dos Negócios do Império, de 1835 a 1836; Ministro de Estado dos Negócios da Justiça, de 1840 a 1841, e de 1845 a 1846; Ministro de Estado dos Estrangeiros, de 1836 a 1837, e de 1853 a 1855; Ministro de Estado da Fazenda, em 1848 e em 1855; Ministro de Estado da Marinha, de 1858 a 1859, e Presidente do Conselho de Ministros, cargo equivalente a Primeiro-Ministro, de 1858 a 1859.

Nesse período profícuo da vida pública, ocorreram importantes mudanças na área do Direito, como a reforma dos Códigos de Processo Criminal e Penal. Antônio Paulino pacificou a Província de Minas Gerais, que se encontrava em agitação devido ao movimento sedicioso militar que lutava pelo retorno de Dom Pedro I. Já em 1842, foi um dos mentores do movimento revolucionário liberal, valendo por isso a deportação e um processo-crime, dos quais foi anistiado em 1844. Conseguiu impedir o crescimento da Guerra dos Farrapos. Antônio Paulino, porém, protestou contra a execução do Bill Aberdeen, lei aprovada pelo Parlamento Britânico, que condenava o tráfico de escravos. Como Plenipotenciário, celebrou o Tratado entre Brasil e Uruguai, em 1851, e o tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Argentina, em 1856.

Por estes relevantes serviços, Antônio Paulino Limpo de Abreu recebeu os títulos de Gentil-Homem da Imperial Câmara e Grande do Império, foi agraciado com os títulos de Dignitário da Ordem do Cruzeiro, Grã-Cruz da Ordem de Cristo e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, de Portugal, tendo sido ainda sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. O título de Visconde de Abaeté, com honras de Grandeza, foi concedido por Sua Majestade Imperial, por Decreto de 2 de dezembro de 1854. Segundo o Vocabulário Nheengatú, de Afonso Antônio de Freitas, “abaeté”, em Tupi-Guarani, significa homem ilustre, notável, abalizado, o que pode ter sido levado em consideração pelo imperador ao escolher a titulação. Pode ser também uma homenagem a importante rio da região do Alto-Médio São Francisco, o Rio Abaeté, rico em diamantes rosa, que foi também motivo para homenagear a querida cidade de Abaeté, onde também tenho minhas raízes e é limítrofe a Pompéu, terra de pessoas queridas que se fazem representar também aqui nesta manhã.

O Visconde de Abaeté faleceu no Rio de Janeiro, em sua Chácara na Gávea em 14 de setembro de 1883.

Amigos queridos, caros confrades,

Ao encerrar estas palavras, afirmo tão somente meu comprometimento com os ideais deste Instituto, com sua tradição e seus anseios, principalmente neste ano especial que celebramos o Bicentenário de nossa Independência! Que esta celebração seja sempre um marco para jamais esquecermos de nosso comprometimento com a liberdade. Afinal, o preço a pagar pela Democracia é a eterna vigilância!

Que Deus nos abençoe sempre!

Belo Horizonte, 29 de outubro de 2022.

 

 

 

REFERÊNCIAS

CAMPOS; Deusdedit P. Ribeiro de. Dona Joaquina do Pompéu. Sua Gente – Tomo II. Edição do Autor.

DICIONÁRIO DO BRASIL IMPERIAL (1822-1889). Ronaldo Vainfas (Direção). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

NOBILIARCHICO BRASILEIRO. Organizado pelo Barão de Vasconcellos e pelo Barão Smith de Vasconcellos. Lausanne (Suisse): Imprimerie La Concorde, MLCCCCXVIII. p. 24 e segs.

REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MINAS GERAIS. V. nº XXXIII. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, dez. 2009. p. 262 e segs.

REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MINAS GERAIS. V. nº XXXIX, Belo Horizonte: Imprensa Oficial, agosto de 2014. p. 410 e segs.

Disponível em:        

˂https://www2.camara.leg.br/a-camara/conheca/presidentes/antonio_abreu1.html˃ 23/10/2022

Disponível em: ˂https://www25.senado.leg.br/web/senadores/senador/-/perfil/1460˃ 25/10/2022

Disponível em: ˂https://ihgb.org/perfil/userprofile/APLAbreu.html˃ Acesso em 25/10/2022

 

 

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