sexta-feira, 10 de setembro de 2021

AS PROCLAMAÇÕES DA INDEPENDÊNCIA DO CAPITÃO JOAQUIM ANTÔNIO DE OLIVEIRA CAMPOS


Príncipe Pedro rodeado por uma multidão em São Paulo depois de dar a notícia da independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822.

A Proclamação da Independência, de François-René Moreau.



No último dia 7 de setembro, celebramos o 199º ano da Proclamação da Independência do Brasil, caminhando, portanto, para as celebrações dos 200 anos daquele dia que o Príncipe Pedro de Alcântara, em ato de coragem, leva a cabo o que seu pai o rei Dom João VI o havia aconselhado “Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que hás de me respeitar, do que para algum aventureiro”.

Inúmeras batalhas – algumas sangrentas – e tratativas políticas sucederam à alegórica imagem das margens do Ipiranga, sendo necessário acima de tudo, apoio político e de lideranças para fortalecer nossa emancipação.

Um exemplo de apoio corajoso são as Proclamações da Independência do Brasil, feitas pelo Capitão Joaquim Antônio de Oliveira Campos, em nome dele próprio e de sua augusta mãe Dona Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco – Dona Joaquina do Pompéu.

Foram publicadas pela primeira vez, depois de muitos anos, na insigne obra Dona Joaquina do Pompéu, resultado de pesquisas hercúleas de Dr. Coriolano Pinto Ribeiro com apoio de Dr. Jacinto Caitano da Silva Guimarães, no ano de 1956 pela Imprensa Oficial de Minas Gerais. Depois ganharam nova luz na obra Dona Joaquina do Pompéu – Sua História e Sua Gente, publicada no ano de 2003 pelo médico e genealogista Dr. Deusdedit Pinto Ribeiro de Campos, grande entusiasta do trabalho de seu pai (Dr. Coriolano), tendo atualizado até o ano de 2003 a descendência do afamado casal da Fazenda do Pompeo.

As Proclamações que aqui transcreveremos devem ser lidas como orações de penhor à nossa nacionalidade e coragem tipicamente mineiras, embasadas na fé cristã e na esperança em dias melhores.

                             

                          PROCLAMAÇÃO I

                         “Honrados companheiros d’Armas, e briosos Soldados!

Depois de ler-vos, em cumprimento de Ordem Superior, a sábia, enérgica e justíssima Proclamação do Vosso Augusto Imperador, e Senhor Dom Pedro Primeiro, dirigida a todo seu Exército do Brasil, da qual nós, também, gozamos a honra de sermos uma parte integrante; depois de ler-vos, torno a dizer, esta justíssima Proclamação, esta importantíssima Lei Militar, em que se desenvolvem com evidência os motivos urgentíssimos que nos determina a defender a sagrada causa, em que se acha empenhado o vasto império do Brasil, esta causa em si mesma grande, justa e santa, de cujo vencimento estão pendentes, não menos, que a liberdade da Pátria, a nossa liberdade, e segurança individual, e das nossas caras famílias; a conservação do direito de propriedade; o sossego e prosperidade pública e particular; em uma palavra, a Independência, a Consideração Política do vasto Império do Brasil; objetos estes tão relevantes e tão sagrados, que naturalmente exigem de nós voluntários sacrifícios não só dos bens e dos esforços, mas ainda os da própria vida; finalmente depois de ler-vos esta justíssima proclamação, em que o nosso Augusto Imperador, o Senhor Dom Pedro Primeiro, afiança ao seu Exército do Brasil, e a todo universo fazer o sacrifício maior dos sacrifícios, expondo pela salvação da Pátria a Sua Sagrada, Inviolável e Augusta Pessoa: exemplo de Magnânima heroicidade, raro nos Anais da História; de certo Honrados Companheiro d’Armas e Briosos Soldados, nada mais se faz necessário dizer-vos, se não esperarmos constantes o momento, em que voluntários, intrépidos marcharemos com cega obediência ao campo da glória a reivindicar nossos direitos naturais e civis, tão vilipendiados e atrozmente ultrajados pelo obstinado, maquiavélico, injusto e até tirânico Congresso de Lisboa, mostrando-nos decididamente ao mundo a coragem, o timbre, a fidelidade e reputação militar das Armas Brasileiras.”

 

CAPM. Joaquim Antônio de Oliveira Campos

 

PROCLAMAÇÃO II

 

“Honrados Companheiros d’Armas, e briosos Soldados: a justiça da Causa afiança, previne, e de algum modo decide o seu vencimento; hum só momento de liberdade he muito mais apreciável do que três séculos de abjecta escravidão; as algemas estão quebradas; Pedro o Grande a desfez, ele sustentará com dignidade só própria d’ele, a Independência do Brasil. Elle pelas suas virtudes Imperiais, cívicas e militares, será em todo o tempo, e em qualquer situação o Modelo, e Norma invariável da nossa conduta , da conduta da família Brasileira; eia; briosos soldados, obedece-lo e imitá-lo.

Porém, resta ainda, Honrados companheiros d’Armas e briosos Soldados, resta ainda dar-vos numa ideia exata dos meus sentimentos,  resta comunicar-vos em parte o zelo e patriotismo de que me acho animado; resta ainda assegurar-vos um penhor de que serei constante companheiro nos vossos trabalhos, nos vossos perigos, e na vossa glória, por tanto contai já  agora com os meus bens ficando sempre salvo o vosso soldo; contai igualmente com os bens de D. Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castello Branco, minha Mãe; por quem estou autorizado a fazer-vos este puro oferecimento; aceitai-o pois não como rasgo de generosidade, porém sim como um dever e demonstração de fidelidade, honra e adesão pela Salvação da Pátria e pela defesa do Nosso Augusto Imperador; pois por tão claros e sagrados objetos dar voluntariamente os bens e arriscar gostosamente a vida é no meu conceito pequeno sacrifício.

Enfim, Honrados Companheiros d’Armas e briosos soldados, sois brasileiros, a causa é justa; isto nos basta.

Villa de Pitangui, 27 de janeiro de 1823.’

 

CAPM. Joaquim Antônio de Oliveira Campos

 

Esses atos nos mostram a coragem de Dona Joaquina e do Cap. Joaquim Antônio, uma vez que, caso não lograsse êxito a Independência, os dois como todos os seus familiares e apoiadores poderia ser condenados a traidores da pátria, tendo o mesmo destino de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

 

 

O Exército brasileiro adentrando Salvador após a retirada das forças portuguesas, 1823.







REFERÊNCIAS:

RIBEIRO, Coriolano Pinto; GUIMARÃES, Jacinto; Dona Joaquina do Pompéu. p. 85 e 86. Imprensa Oficial, Belo Horizonte, 1956.

CAMPOS; Deusdedit P. Ribeiro de. Dona Joaquina do Pompéu. Sua Gente – Tomo unico. Edição do Autor. pp. 1. Belo Horizonte, 2003. 


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