Príncipe Pedro rodeado por uma
multidão em São Paulo depois de dar a notícia da independência do Brasil, em 7
de setembro de 1822.
A Proclamação da Independência,
de François-René Moreau.
No último dia 7 de setembro,
celebramos o 199º ano da Proclamação da Independência do Brasil, caminhando,
portanto, para as celebrações dos 200 anos daquele dia que o Príncipe Pedro de
Alcântara, em ato de coragem, leva a cabo o que seu pai o rei Dom João VI o
havia aconselhado “Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que hás
de me respeitar, do que para algum aventureiro”.
Inúmeras batalhas – algumas sangrentas
– e tratativas políticas sucederam à alegórica imagem das margens do Ipiranga,
sendo necessário acima de tudo, apoio político e de lideranças para fortalecer nossa
emancipação.
Um exemplo de apoio corajoso são
as Proclamações da Independência do Brasil, feitas pelo Capitão Joaquim Antônio
de Oliveira Campos, em nome dele próprio e de sua augusta mãe Dona Joaquina Bernarda
da Silva de Abreu Castelo Branco – Dona Joaquina do Pompéu.
Foram publicadas pela primeira
vez, depois de muitos anos, na insigne obra Dona Joaquina do Pompéu, resultado
de pesquisas hercúleas de Dr. Coriolano Pinto Ribeiro com apoio de Dr. Jacinto
Caitano da Silva Guimarães, no ano de 1956 pela Imprensa Oficial de Minas
Gerais. Depois ganharam nova luz na obra Dona Joaquina do Pompéu – Sua História
e Sua Gente, publicada no ano de 2003 pelo médico e genealogista Dr. Deusdedit
Pinto Ribeiro de Campos, grande entusiasta do trabalho de seu pai (Dr.
Coriolano), tendo atualizado até o ano de 2003 a descendência do afamado casal
da Fazenda do Pompeo.
As Proclamações que aqui transcreveremos
devem ser lidas como orações de penhor à nossa nacionalidade e coragem
tipicamente mineiras, embasadas na fé cristã e na esperança em dias melhores.
PROCLAMAÇÃO I
Depois de ler-vos, em
cumprimento de Ordem Superior, a sábia, enérgica e justíssima Proclamação do
Vosso Augusto Imperador, e Senhor Dom Pedro Primeiro, dirigida a todo seu
Exército do Brasil, da qual nós, também, gozamos a honra de sermos uma parte
integrante; depois de ler-vos, torno a dizer, esta justíssima Proclamação, esta
importantíssima Lei Militar, em que se desenvolvem com evidência os motivos
urgentíssimos que nos determina a defender a sagrada causa, em que se acha
empenhado o vasto império do Brasil, esta causa em si mesma grande, justa e
santa, de cujo vencimento estão pendentes, não menos, que a liberdade da
Pátria, a nossa liberdade, e segurança individual, e das nossas caras famílias;
a conservação do direito de propriedade; o sossego e prosperidade pública e
particular; em uma palavra, a Independência, a Consideração Política do vasto
Império do Brasil; objetos estes tão relevantes e tão sagrados, que
naturalmente exigem de nós voluntários sacrifícios não só dos bens e dos
esforços, mas ainda os da própria vida; finalmente depois de ler-vos esta
justíssima proclamação, em que o nosso Augusto Imperador, o Senhor Dom Pedro
Primeiro, afiança ao seu Exército do Brasil, e a todo universo fazer o sacrifício
maior dos sacrifícios, expondo pela salvação da Pátria a Sua Sagrada,
Inviolável e Augusta Pessoa: exemplo de Magnânima heroicidade, raro nos Anais
da História; de certo Honrados Companheiro d’Armas e Briosos Soldados, nada
mais se faz necessário dizer-vos, se não esperarmos constantes o momento, em
que voluntários, intrépidos marcharemos com cega obediência ao campo da glória
a reivindicar nossos direitos naturais e civis, tão vilipendiados e atrozmente
ultrajados pelo obstinado, maquiavélico, injusto e até tirânico Congresso de
Lisboa, mostrando-nos decididamente ao mundo a coragem, o timbre, a fidelidade
e reputação militar das Armas Brasileiras.”
CAPM.
Joaquim Antônio de Oliveira Campos
PROCLAMAÇÃO II
“Honrados Companheiros d’Armas,
e briosos Soldados: a justiça da Causa afiança, previne, e de algum modo decide
o seu vencimento; hum só momento de liberdade he muito mais apreciável do que
três séculos de abjecta escravidão; as algemas estão quebradas; Pedro o Grande
a desfez, ele sustentará com dignidade só própria d’ele, a Independência do
Brasil. Elle pelas suas virtudes Imperiais, cívicas e militares, será em todo o
tempo, e em qualquer situação o Modelo, e Norma invariável da nossa conduta ,
da conduta da família Brasileira; eia; briosos soldados, obedece-lo e imitá-lo.
Porém, resta ainda, Honrados
companheiros d’Armas e briosos Soldados, resta ainda dar-vos numa ideia exata
dos meus sentimentos, resta
comunicar-vos em parte o zelo e patriotismo de que me acho animado; resta ainda
assegurar-vos um penhor de que serei constante companheiro nos vossos
trabalhos, nos vossos perigos, e na vossa glória, por tanto contai já agora com os meus bens ficando sempre salvo o
vosso soldo; contai igualmente com os bens de D. Joaquina Bernarda da Silva de
Abreu Castello Branco, minha Mãe; por quem estou autorizado a fazer-vos este
puro oferecimento; aceitai-o pois não como rasgo de generosidade, porém sim
como um dever e demonstração de fidelidade, honra e adesão pela Salvação da
Pátria e pela defesa do Nosso Augusto Imperador; pois por tão claros e sagrados
objetos dar voluntariamente os bens e arriscar gostosamente a vida é no meu
conceito pequeno sacrifício.
Enfim, Honrados Companheiros
d’Armas e briosos soldados, sois brasileiros, a causa é justa; isto nos basta.
Villa de Pitangui, 27 de
janeiro de 1823.’
CAPM.
Joaquim Antônio de Oliveira Campos
Esses
atos nos mostram a coragem de Dona Joaquina e do Cap. Joaquim Antônio, uma vez
que, caso não lograsse êxito a Independência, os dois como todos os seus familiares
e apoiadores poderia ser condenados a traidores da pátria, tendo o mesmo
destino de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
O Exército brasileiro adentrando
Salvador após a retirada das forças portuguesas, 1823.
REFERÊNCIAS:
RIBEIRO, Coriolano Pinto; GUIMARÃES, Jacinto; Dona Joaquina do Pompéu. p. 85 e 86. Imprensa Oficial, Belo Horizonte, 1956.
CAMPOS; Deusdedit P. Ribeiro de. Dona Joaquina do
Pompéu. Sua Gente – Tomo unico. Edição do Autor. pp. 1. Belo Horizonte, 2003.