No dia 24 de agosto, a comunidade pompeana e inúmeros descendentes de Dona Joaquina do Pompéu e Capitão Inácio de Oliveira Campos encerraram o IX Festival Dona Joaquina do Pompéu com a solenidade de entrega da Comenda em honra à grande Matriarca das Minas Gerais.
Neste ano a oradora oficial foi a grande historiadora associada do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Professora Regina Almeida que proferiu uma bela oração histórica que conclamou a comunidade de Pompéu a abraçar a causa em prol do resgate da memória histórica da mulher considerada uma das grandes figuras deste estado.
Segue o discurso na sua integralidade:
DONA JOAQUINA DO POMPÉU
– A MATRIARCA DE MINAS
“Para se
entender a História, é preciso situar os
fatos. E é bom que se comece do começo”. R.A.
Dona Joaquina do Pompéu
autoria: Amílcar de Castro
Estamos aqui, hoje, movidos e
reunidos, pela vida de uma mulher, cuja história está inserida não apenas na
História de Pompéu, mas, também, na História de Minas e do Brasil. Trata-se de
Dona Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco, casada com o Capitão
Ignácio de Oliveira Campos.
Desse Casal, sabemos, descende
parcela significativa da população mineira, parcela esta que pode chegar a
dezenas de milhares de pessoas, se forem confiáveis as fontes consultadas. E em
se tratando de Pompéu, Pitangui e, de modo geral, do Centro Oeste de Minas,
este número pode elevar-se, consideravelmente, já que o casal teve 10 filhos
que, ao constituírem família, passaram a residir em terras próximas,
potencializando, enormemente, o número de descendentes, na região, ao longo do
tempo.
Assim, estando aqui em Pompéu, estou
certa de que encontrarei dezenas de milhares de pessoas que tem na
ancestralidade ligações mais próximas ou mais distantes, mas sempre ligações,
com a linhagem do referido casal.
Seguindo essa linhagem, graças aos
avanços da Genética e da Genealogia, podemos ir até bem antes do descobrimento do
Brasil, século XIV, ano de 1377, quando Álvaro Gil Cabral, Trisavô de Pedro
Álvares Cabral, descobridor do Brasil, há 519 anos, e de sua irmã, Maria
Álvares Cabral, de quem descende o Capitão Ignácio de Oliveira Campos.
Além dessa origem portuguesa, europeia,
portanto, o Capitão Ignácio tinha origem Indígena brasileira, pois descendia do
cacique Tibiriçá (Capitania de São Vicente de Martim Afonso de Souza, SP), cuja
filha Bartira, casou-se com João Ramalho, também português.
Na sucessão das uniões matrimoniais
dessas duas vertentes é que se dá o encontro dessas duas linhagens – a
portuguesa e a indígena – daí o resultado da miscigenação que tanto marca a
população do povo brasileiro e, neste caso, do povo mineiro. Isto não significa
que não haja, na cadeia sucessiva dos matrimônios dessas linhagens, inserção de
outras: há, sim, por exemplo de elementos de origem belga, alemã, espanhola e
de muitas outras nacionalidades.
A ascendência indígena do Capitão
Ignácio de Oliveira Campos lhe chega, mais especificamente, via seu avô, o
Capitão Antônio Rodrigues Velho, o Velho da Taipa, fundador de Pitangui, casado
com Margarida de Campos, filha do Capitão José de Campos Bicudo e Ignêz
Monteiro. Desse casamento, nasceu Ana Margarida de Campos, casada com o baiano
Ignácio de Oliveira e que se tornaram os pais de Capitão Ignácio de Oliveira
Campos, marido de Dona Joaquina. Daí, porque o Velho daTaipa era avô do Capitão
Ignácio e genro do Capitão José Campos
Bicudo. Os dois foram os primeiros moradores de Pitangui e se tornaram vultos
importantes da história da região.
Vemos, assim, entrelaçadas as origens
de Pitangui e de Pompéu. Pitangui é mãe de Pompéu, não só pela cessão de suas
terras, mas também pelos laços sanguíneos que ligam suas gentes, tornando
cordial e fraterna a relação entre pitanguienses e pompeanos.
Às linhagens do Capitão Ignácio de
Oliveira Campos, junta-se, por força do matrimônio, a linhagem portuguesa de
Dona Joaquina do Pompéu, filha dos portugueses – Dr. Jorge de Abreu Castelo
Branco e Dona Jacinta Theresa da Silva. O Dr. Jorge descendia de tradicional
família de Viseu, com ancestrais históricos em Viana do Castelo, bem mais ao
Norte de Portugal. Isso reforça a ascendência portuguesa de seus descendentes
e, muito embora não seja, provavelmente, a mesma, a linhagem portuguesa do
Capitão Ignácio e de Dona Joaquina, são ambas linhagens portuguesas.
Trago-lhes estas breves informações e
comentários sobre a genealogia do casal para lembrar-lhes as linhagens que
muito me honram, ilustram e engrandecem todos os senhores e senhoras
descendentes do famoso casal. São linhagens, cujo DNA carrega a séculos e
séculos uma história ancestral de grandes vultos históricos, responsáveis por
grandes feitos. São todos homens e mulheres valentes, destemidos, empreendedores,
bastando lembrar-lhes, entre muitas e muitas outras, as figuras de Pedro
Álvares Cabral, o Descobridor do Brasil; Fernão Dias Paes Leme, o caçador das
Esmeraldas; Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera; Domingos Rodrigues do
Prado, o valente homem da Sedição de Pitangui e outras, muitas outras. À honra
de pertencerem a estas linhagens, corresponde a responsabilidade de serem
dignos(as) delas.
Homenageando todos estes vultos,
inclusive os aqui mencionados, destaco o Capitão Ignácio de Oliveira Campos, homem
de grande coragem e força de trabalho que desbravou os sertões da bacia do rio
das Velhas, chegando até o Paranaíba; abriu caminhos, destacando a Picada de
Goiás – trecho de Pitangui a Paracatú – ao longo do qual foram concedidas
sesmarias que deram origem a vários núcleos populacionais. Enfrentou ele os
rigores das grandes chuvas e enchentes, do sol ardente, das matas densas,
povoadas de índios, animais ferozes, cobras venenosas; venceu indígenas,
quilombolas, construiu capelas e fundou Patrocínio. Mais não fez porque a
doença paralisou. Esteve à altura da força, da coragem e da bravura de sua
ascendência e de sua valorosa mulher – D. Joaquina – que se constituiu em
símbolo de patriotismo, de determinação, de empreendedorismo e sobre quem,
agora falaremos, nesta bonita celebração memorial dos seus 267 anos de
nascimento.
·
A primeira, fase da infância, ela viveu em Mariana, onde nasceu ao
20 de agosto de 1752 e permaneceu até 1762, quando, após a morte da mãe, o pai,
Dr. Jorge de Abreu Castelo Branco, transferiu-se com a família para Pitangui.
Em
Mariana, ela viveu, pois, 10 anos, na época em que a cidade era Capital da
capitania de Minas e, como tal, o centro político, administrativo e religioso.
Foi ali, que ela, filha de advogado e ex-seminarista (o Dr. Jorge somente se
tornou padre após a morte da esposa em 1762), inserida no contexto cultural e
religioso da época, conheceu a beleza, o fausto, a riqueza do barroco, não só
na decoração das igrejas, como também nas celebrações religiosas memoriais, nas
fervorosas novenas e trezenas, nas belas procissões, nas lindas noites de
coroação de Nossa Senhora; Foi ali, que ela aprendeu cantigas populares,
brincou de roda, de esconde-esconde, de pique...; foi ali, na Mariana
setecentista, que ela viveu com sua mãe, até os 10 anos; que aprendeu as
primeira letra e, com os pais, os princípios básicos da moral cristã e as boas
normas da conduta social e cívica. A infância marianense de Dona Joaquina,
marcou-lhe decididamente a personalidade, aberta a assuntos e interesses
políticos, os negócios, a vida pública a que não se devotavam as mulheres de
então.
·
A segunda fase da vida – pré-adolescência, adolescência e
parte da vida adulta – foi vivida em Pitangui, onde, ainda “menina-moça”,
casou-se com o Capitão Ignácio de Oliveira Campos e teve todos os seus 10
filhos. Foi em Pitangui que o casal começou a construir a família e seu
patrimônio. Já, a essa época, Dona Joaquina demonstrava sua fé, interesse pelos
negócios e pela política, revelando-se também boa católica, ajudando a Igreja e
aos irmãos mais necessitados.
·
A terceira fase, ela viveu na Fazenda do Pompéu,
adquirida do senhor Antônio Pompéo Taques, entre 1784/1792. A partir daí,
cresceu muito o patrimônio da família; por um lado as grandes empreitadas que o
Capitão Ignácio levou a termo, abrindo caminhos para o oeste e, por outro,
com a direção dos negócios e a
administração enérgica e segura das fazendas, pela Dona Joaquina.
Com a
morte do marido em (1804) que, em razão da enfermidade, tornara-se paralítico,
Dona Joaquina, que já se tornara senhora de toda a fortuna, em razão da compra
que fizera ao marido, da parte dele, passou a administrar todo o patrimônio,
como única dona.
A PERSONALIDADE DE DONA JOAQUINA
Ao lado das
características de sua personalidade, Dona Joaquina teve a boa influência de
seu pai, o pe. Dr. Jorge de Abreu Castelo Branco que, por ser “moderado” o seu patrimônio matéria, “não suficiente para tornar ricos os
filhos”, deixou-lhe um “Morgado”
, que ele assim definiu :” Instrução que
deixo a meus filhos com a recomendação de que governem por ela, tomando cada
um, em particular para si, as advertências que lhes faço”
Na
verdade, o “Morgado” era (e é) um “testamento
moral”, como já disse Lindolfo Xavier, escrito para os filhos. Compõe-se de 15
pequenos documentos ou recomendações sobre os seguintes assuntos ou temas: Amor
a Deus; Fé, crença na Igreja; Prática das virtudes; observância da humanidade;
Prática da verdade; Flexibilidade e concórdia; Fidelidade; Ira e vingança; Amor
às letras, à filosofia e à Teologia; Simplicidade; Patriotismo; Prudência.
Constituem-se todos esses temas de ensinamentos, recomendações, reflexões ricas
de conhecimento e sabedoria que podem ser vistos como atualizados e úteis aos
dias de hoje, salvo uma ou outra recomendação. Dona Joaquina soube beber dessa
fonte e dela muito se beneficiou, pois, muitos traços que se pode identificar
em sua personalidade, parece-nos, resultaram de lições ali contidas e por ela
aprendidas.
Pelos seus
atos e ações, podemos inferir que a marianense, Dona Joaquina, era mulher de personalidade forte. Firme, enérgica,
determinada, era também de grande visão. Sabia o que queria e, neste
sentido, trabalhava com toda inteligência e força de seu querer e pensar.
Tornou-se, como já vimos, a grande administradora de imensas extensões de terra
e de valiosos outros bens, sobretudo no campo da agropecuária e, isto, seja
observado, no contexto de uma sociedade patriarcal.
Era líder nata. Sabia impor-se e fazer-se
respeitada. Sabia também ajudar a quem, verdadeiramente, precisava de ajuda e
castigar a quem castigo merecia, segundo seu julgamento. Para muitos, era um
anjo; para outros tantos uma megera. Para mim, nem uma coisa nem outra: era,
sim, uma cidadã, à moda das práticas e costumes do seu tempo. Cidadã que tanto sabia fazer uso dos
seus direitos, como cumprir seus deveres, tudo entendido de acordo com o
contexto a época em que viveu.
Foi sempre
uma grande patriota. Soube amar e
servir o Brasil em momentos críticos de nossa história, ajudando
patrioticamente seus governantes, como por exemplo, quando da vinda da corte
Portuguesa para o Brasil, fugindo das guerras napoleônicas e, quando das
guerras que surgiram, após a Independência do Brasil. Em caso e outro,
socorreu, respectivamente, a Dom João VI, com alimentos (mantimentos e gado)
para cerca de 12.000 pessoas, integrantes da Corte Portuguesa, que necessitavam
de moradia e de alimentos na então pequena cidade do Rio de Janeiro que não
tinha condições de os oferecer em tamanha proporção. Igualmente, socorreu a D.
Pedro I, com alimentos para as tropas que lutavam na Bahia, contra os
opositores de nossa independência. Na ocasião, colocou, ainda, à disposição de
Dom Pedro tudo quanto possuía para auxiliá-lo nos embates pós-independência,
consoante consta de uma das proclamações feitas pelo Capitão Joaquim Antônio de
Oliveira Campos, seu filho caçula, e dirigida a Dom Pedro I, onde se lê: “resta ainda dar-vos uma idéia dos meos
sentimentos; resta ainda assegurar-vos um penhor de que serei constante
companheiro nos vossos trabalhos, nos vossos perigos, e na vossa glória; por
tanto contai já de agora com os bens de Dona Joaquina Bernarda da Silva de
Abreu Castelo Branco, minha minha mãe, por quem estou authorizado a fazer-vos;
aceitai-o, pois, não como rasgo de generosidade, porém sim como um dever e
demonstração, de fidelidade, honra e adesão pela salvação da Pátria e pela
defesa de nosso Augusto Imperador (...)”. Não conheço gesto de maior
patriotismo nem de maior generosidade.
Era uma
senhora generosa, caridosa, fiel a
sua fé e à sua Igreja, à qual muito ajudava. Mesmo depois de mudar-se para a
Fazenda do Pompéu, continuou cuidando da Capela da Penha de Pitangui dos presos
da cadeia e alimentando doentes vítimas de epidemias. Na fazenda, construiu
outra capela, onde havia celebrações e atendimentos regulares, pois ali
mantinha um sacerdote para as celebrações e assistência espiritual a todos.
Segundo a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros do IBGE, 1959, Dona Joaquina “Não só aos potentados servia. Seu coração
de mulher não fechava às misérias alheias. Durante as epidemias que assolavam a
região e a fome, consequente eram as tropas e cargueiros de Dona Joaquina que
apareciam, abastecendo as populações(...)” E eu acrescento: Salvando vidas!
Não quero
com isto dizer que Dona Joaquina, tenha sido uma mulher perfeita. Não! Não foi!
Ninguém o é! Como todos nós, tinha suas fragilidades, idiossincrasias, faltas,
defeitos, pecados... O que não podemos negar é o seu patriotismo; a sua coragem
e a sua bravura; as grandes causas que ela abraçou e defendeu; a importância de
sua liderança; o seu prestígio político no Brasil de então; os testemunhos de
fé, de cidadania, de ajuda aos mais necessitados, e a importância de sua
descendência para Minas e para o Brasil.
Eleva-se a
dezenas de milhares o número de seus descendentes espalhados não só por este
vasto e belo Oeste mineiro, como por todo o Estado de Minas Gerais e pelo
Brasil a fora, incluindo-se, entre eles, descendentes respeitáveis e dignos
homens públicos, tais como: Presidentes da República, Governadores de Estado,
Senadores, Juristas, Deputados Federais e Estaduais, Bispos, Sacerdotes,
Ministros de Estado, Profissionais Liberais, Professores, enfim, patriotas de
todas as classes e níveis sociais que têm prestado (e prestem) grandes serviços
à Pátria.
Em resumo,
está é a grande herança – linhagem e de caráter – de todos os senhores e
senhoras beneficiários. E de que todos devem orgulhar-se. Herança que marcou e
marca a raça forte, operosa, patriótica que constitui a população do Centro
Oeste, ou seja, desta região – coração de Minas.
Dona
Joaquina soube fazer e cultivar amizades. Recebia, em seu
sobrado da Fazenda do Pompéu, visitas frequentes de personalidades da época,
sobretudo, de autoridades. Os grandes da Corte dispensavam-lhe toda a atenção e
tinham por ela muito respeito. Era, realmente, uma mulher “empoderada” e, por
isso mesmo, também, temida. Não lhe faltaram desafetados, críticos,
invejosos... mas quem se livra deles?
O que é
certo, é que ela tornou-se uma figura lendária, a respeito da qual lenda e
história se alimentam reciprocamente. Mas é preciso separar o joio do trigo.
PARA ARREMATAR...
Louvando
Pompéu e suas administrações – passadas e presentes – por realizações como esta
de ontem e de hoje e que tanta alegria e orgulho trazem ao meu coração,
permito-me ir além e sugerir-lhes que, em algum lugar desta região, se construa
um MONUMENTO em homenagem à grande Matriarca de Minas, para que não só
permaneça viva, entre os mineiros, a sua memória, como também para que as
pessoas que transitam pelas nossas estradas, atravessam nossos campos, sobem e
descem as montanhas de Minas e contemplam os largos horizontes do Oeste de
Minas, possam conhecer a história e a vida da extraordinária mulher que foi
Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco. Penso numa obra coletiva,
na qual se empenhem todos os municípios cujo território tenha sido parte do
grande latifúndio de Dona Joaquina e do Capitão Ignácio. E, para evitar que
julguem minha sugestão utópica, lembro-lhes:
“As coisas acontecem quando as pessoas se unem”
Vou mais além: que se introduza no currículo das escolas municipais, uma
“Unidade Didática” sobre a história, a vida, as realizações dessa grande
mineira. É bom que se comece em casa. Pompéu, pelo quanto tem realizado em
favor da memória de Dona Joaquina, pode capitanear essas ações e movimentos.
And the
last, but not the least, quero agradecer, profundamente, à administração de
Pompéu na pessoa de seu prefeito, Ozeas da Silva Campos e, particularmente, ao
Diretor do Centro Cultural Joaquina do Pompéu, o caro amigo Hugo de Castro, a
honra de portar a comenda Joaquina do Pompéu que tanto enche de gratidão o meu
coração e de orgulho a minha mineiridade, fazendo crescer minha admiração por
esta terra cuja história tenho o dever de conhecer e divulgar, como associada
correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Pompéu.
Quero
também, apresentar-lhes os cumprimentos e os aplausos do IHGMG que ato de seu
presidente, Luiz Carlos Abrita, me faz aqui representante desta instituição.
Sintam-se, pois, todos cumprimentados e abraçados, fraternalmente, pelo IHGMG.
Para
finalizar, peço a todos que, junto comigo, de pé, saudemos a memória de Dona
Joaquina do Pompéu e os abençoados 80 anos desta próspera cidade, com uma
afetuosa e entusiasmada salva de palmas!
Professora Regina Almeida no momento que pronunciava seu discurso
Créditos: Comunicação/Prefeitura Municipal de Pompéu
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