Impossível nas primeiras
postagens deste espaço fugirmos da história de nossa principal matriarca,
símbolo de mulher forte e avançada para sua época. Muito já se falou da grande
“Dama do Sertão”, Heroína “Mineira da Independência”, a “Sinhá Braba”... Não
entraremos aqui no mérito se foi uma mulher boa ou má, mas uma coisa é certa,
sua importância e seu caráter são símbolos de uma personalidade marcante
encontrada até hoje em seus descendentes, principalmente nas mulheres de
Pompéu.
Nascida aos 20 de agosto de 1752,
Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco teve sua infância marcada
pela perda da mãe, criada por um pai culto, na cidade de Mariana, que naquela
época era a capital da Capitania de Minas Gerais.
Além de sede do poder temporal,
era a primeira cidade de Minas Gerais a ter uma sede episcopal, tendo seu Bispo
e cabido, centro da intelectualidade, arte e cultura! A menina Joaquina cresceu
em meio a essa efervescência cultural, moldando seu caráter e visão de mundo.
Este mundo, ao mesmo tempo cercado pelas serras das gerais, propiciava à menina
o que havia de mais iluminado e moderno até então. O distrito do Pompeo, na década de 1910 já contava com
um jornal bem avançado – O Pompeano e nos arquivos do Instituto Histórico e
Geográfico de Pompéu temos alguns exemplares que trazem dentre outras
curiosidades uma coluna intitulada Papeis
Velhos do Pompeo, com transcrições antigas sobre Dona Joaquina do Pompéu.
Na edição de abril de 1919 encontramos o seguinte documento que aqui
transcrevemos:
D. Joaquina – dizem os documentos de números
29 a 59 – foi religiosa assim:
a) Morto seu marido a 6 de maio de 1804, foi
seu corpo acompanhado a sepultura por 10 padres que celebraram 10 missas de
corpo presente;
b) Foi zeladora da capela da Penha no morro do
Batatal, em Pitangui de 1804 a 1821, a qual prestou grandes serviços;
c) Mandou celebrar 630 missas, umas em sufrágio
de seu marido e outras de diversas almas;
d) Coadjuvou para se ordenar um padre;
e) Chamava padre a sua fazenda para celebrar
missas;
f) Deu a capela de Santa Ana da Catinga, do
termo de Paracatu, 100 bois a 2$000;
g) Socorria os presos da cadeia de Pitangui;
h) Legou à capela deste arraial 150$000 e da
Penha em Pitangui, quantia que os documentos não dizem.
Jornal O
Pompeano
Ora, analisando todo esse
contexto pode-se concluir com certeza, que ali moldou-se uma cidadã e esta
marca a acompanharia pelo resto da vida, imprimindo assim a imagem de uma
mulher severamente rígida em seu caráter, que com o relaxamento dos princípios
no correr dos anos confundiu-se com a imagem de uma antagonista de seu tempo.
Capela da Penha - Pitangui/MG
Local do casamento de Dona Joaquina e Cap. Inácio
Uma das capelas que receberam ajuda de Dona Joaquina
Tela do renomado pintor Giancarlo Scapolatempore - Ano 2015
Tenho o livro "Sinhá Braba, Dona Joaquina de Pompéu", escrito pelo autor Agripa Vasconcellos, edição de 1966, (esgotada). Um livro com aproximadamente 400 páginas de um romance muito interessante.
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