A fazenda Nossa Senhora da
Conceição do Pompeo, aparece pela primeira vez em um registro existente no
cartório do Distrito de Bento Rodrigues em Mariana no ano de 1756. Mostra que o
primeiro proprietário a se ter notícias destas terras foi ninguém menos que o
bandeirante Bartolomeu Bueno da silva, o Anhanguera, e se localizavam em uma
área que ia do rio Pará ao Paraopeba até às margens do rio São Francisco.
Anhanguera partiu para Goiás nos anos de 1717 e 1718 e em 1723 o
sertanista Antônio Pompeo Taques requereu estas terras em sesmaria e aqui ficou
até 1728.
Com a vinda de Antônio Pompeo Taques esta fazenda passou a ser
denominada Fazenda Nossa Senhora da
Conceição do Antônio Pompeo Taques, que as cedeu ao Capitão-Mor Francisco
de Barros Braga. Em 1738 foram a leilão sendo arrematadas pelo Tenente Coronel
João Gonçalves Fraga que as vendeu para seu sobrinho Estevão Gonçalves Fraga, e
este vendeu ao senhor Manoel Gomes da Cruz em 1756 – ressalta-se que esses
dados são do cartório de Bento Rodrigues em Mariana, infelizmente arrasado na
maior tragédia ambiental deste país.
Nesse tempo a fazenda do Pompeo,
como já era então denominada, incorporava os retiros Agua Doce, Choro, Diamante, Mato Grosso, Pari, Passagem,
Paulista, Quati, Santa Rosa e Três Barras.
A chegada de Cap.
Inácio e Dona Joaquina
Após o casamento Cap. Inácio e Joaquina, residiram em Pitangui onde
nasceram todos os filhos e em 1784 arrendaram a fazenda do Pompeo, então pertencente a Manoel Gomes da Cruz e em 1792
resolveram comprá-la de vez.
A escritura foi lavrada em 17 de julho de 1792 no arraial de Catas Altas
da Noruega e nela são mencionadas além da fazenda do Pompeo as fazendas Mato Grosso, Santa Rosa e Passagem - antiga
Montserrat - com seus retiros, casas, currais, além de 39 escravos, gado vacum
e cavalar que fossem marcados com a marca de Manoel Gomes da Cruz. O valor da
fazenda foi de 11.200$000 (onze mil e duzentos contos de réis), sendo 7.595$995
a vista e 3.693$005 em prestações anuais de 500$000, tendo sido dado ao
comprador um prazo de dois anos caso se tornasse inadimplente.
Com a compra definitiva da propriedade foi necessário que se construísse
uma nova sede e isso aconteceu sobre o comando do mestre-carapina Tomé Dias,
vindo do arraial de São Joanico, atual cidade de Maravilhas.
Eram na verdade dois sobrados de dois andares que se comunicavam e ao
todo possuíam quarenta e dois cômodos. Era toda de pau-a-pique, sendo que o
telhado era dividido em quatro faces e coberto por telhas coloniais. O assoalho
era feito de tabuas com mais de dez centímetros tiradas de madeira de lei:
Angico, peroba, aroeira, carvalho e bálsamo. Já as portas e janelas tinham mais
de seis centímetros de espessura.
A construção tinha aproximadamente 800 metros quadrados e o pé direito
era aproximadamente de quatro a cinco metros de altura. Esta magnífica
construção foi demolida aos 27 de abril 1954, sem nenhum motivo justificável
quando governava o Estado de Minas Gerais o senhor Juscelino Kubitschek de
Oliveira.
A verdadeira
reforma agrária
Da fazenda do Pompeo originaram-se
as seguintes fazendas, de acordo com levantamento da década de 1940, publicado
na obra do escritor Deusdedit Pinto Ribeiro de Campos:
·
Fazenda da Boa Vista (Fazenda nova), de
Belisário Lacerda;
·
Pedro Moreira (Fazenda velha), de
Cornélio Lacerda;
·
Morro do Vale, de Francisco de Menezes;
·
Palmira (fazenda velha), de Antônio M.
Correa de Lacerda;
·
Salobro (Fazenda nova), de Francisco
Correia;
·
Salobro, de Joaquim Higino de Campos
Cordeiro (Quito);
·
Maria de Almeida (Fazenda antiga), de
José Luís de Campos Machado;
·
Aterrado (Antiga), de Jorge Cordeiro
Valadares;
·
Cabaceiras, de José Maria Álvares da
Silva (Lilico);
·
Caetitu, de Altino Gabriel de Sousa
Machado;
·
Campo Alegre, de Oscar de Oliveira
Campos;
·
Capivara, de lnácio de Oliveira Campos;
·
Retiro, de João Serra Machado;
·
Fazenda da Chácara, de Rodrigo de
Campos Cordeiro Valadares;
·
Cordovil, de José Higino de Campos
Cordeiro (Zé Jota);
·
Lagoa de Trás, de Toniquinho Gabriel de
Souza Machado;
·
Esperança, de Antônio Garcia Cordeiro
Valadares;
·
Lagoinha, de Manoel dos Santos;
·
Pedro Moreira, de Querubino Corrêa de
Lacerda.
·
Mocambinho, de João Serra Machado;
·
Serra, de Félix Dias Maciel;
·
Novilha Brava, de Luís Miguel Afonso;
·
Floresta, de Francisco Gonçalves
Ferreira;
·
Curralinho, de Álvaro de Campos
Cordeiro Valadares;
·
Penedo, de Álvaro de Campos Cordeiro
Valadares;
·
Paulista, de Álvaro de Campos Cordeiro
Valadares;
·
Mato Grosso, de José Maria de Carvalho;
·
Manda Saia, de Jair de Campos Cordeiro
Valadares;
·
Bananeiras, de Antônio de Campos
Cordeiro;
·
Poço, de Joaquim Higino de Campos
Cordeiro;
·
Bocaina, de Toniquinho Gabriel de Souza
Machado;
·
Pau a Pique, de Maria de Oliveira
Machado;
·
Vereda, de Amélia de Souza Machado;
·
Buriti Torto, de Joana de Souza
Machado;
·
Rio Preto, de Renato Filgueiras;
·
Rio Pardo, de Antônio Valadares de
Vasconcelos;
·
Invejosa, de Álvaro de Campos Cordeiro
Valadares;
·
Pindaíba, de filhos de Cristiano de
Campos Cordeiro;
·
Penedo (antiga), de Belchior do Penedo;
·
Barreiro Branco, de Gilberto Cordeiro
Valadares;
·
Cercado, de Crisipo de Campos Cordeiro;
·
Cipó de Chumbo, de Fernando Antônio de
Souza;
·
Amorim, de Joaquim Higino de Campos
Cordeiro;
·
Tamboril, de Sebastião Mendes Maciel;
·
Angola, de Antônia Cordeiro Maciel;
·
Diamante, de Francisco Procópio Lobato;
·
Saco Barreiro, de Bolivar de Campos
Cordeiro;
·
Cana Brava, de Belchior Cordeiro
Valadares;
·
Tira Saia, de Francisco Procópio
Lobato;
·
Olhos D'água, de Aprígio de Campos
Cordeiro;
·
Boa Vista (Antiga), Alcides Mendes
Maciel;
·
Laranjo, de Estanisiáu de Campos
Castelo Branco (Teláu);
·
Serra (Antiga), de Francisco Severino
Dias Maciel;
·
Atoleiro, de Antônio Joaquim de
Oliveira Machado;
·
Forquilha, de Jacinto de Abreu;
·
Saudade, de Álvaro de Campos Cordeiro
Valadares;
·
Saudade de Cima, de Pedro Gonçalves de
Oliveira;
·
São Miguel, de Procópio Lobato;
·
Cachoeira, de José Maria Álvares da Silva;
·
Meloso, de José Maria de Carvalho;
·
Lages, de Deodoro Cordeiro Valadares;
·
Marruás, de Antônio de Assis Machado;
·
Cachoeira do Rio Pardo, de Antônio
Diogo de Vasconcelos;
·
Passagem Boa, de Saladino de Freitas;
·
Ouati, de herdeiros de Dona Adelaide
Álvares da Silva, viúva de Joaquim Maria Álvares da Silva;
·
Cacique, de Azejúlia Alves de Souza e
Silva, arrendada a Jacinto Caetano da Silva Guimarães e Omar de Campos
Guimarães;
·
Indostão, de Dr. Francisco Luís da
Silva Campos. (Ministro Francisco Campos);
·
Caiçara, de Ronam Gabriel de Campos
Machado;
·
Choro, de José Gabriel de Campos
Machado (Casula);
·
Palmital, de Ormindo de Campos Cordeiro
Valadares;
·
Porteira, Dário Cordeiro Valadares;
·
Cachoeira, Antônio Correa de Lacerda;
·
Barreiro (Antiga), de José Lino;
·
Água Doce, de Leonídio Correia;
·
Pouso Alegre, de Sebastião de Campos
Cordeiro;
·
Salgado, dos herdeiros de Sebastião
Augusto de Campos Cordeiro;
·
Fundo, de Álvaro de Campos Cordeiro
Valadares Neto;
·
Jatai, de José Gabriel de Campos
Machado;
·
Mata do Salobro, de Félix Mendes Maciel
(Filhinho);
·
Buriti do Atoleiro, de Luís de Campos
Machado;
·
Buriti da Bocaina, de Angélica Dias
Maciel;
·
Pontinha, de Higino de Abreu;
·
Capoeira da Serra de Cima, de Deusdedit
de Campos Machado;
·
Brejão, de José Jota de Campos
Cordeiro;
·
Canoas, de Altivo Duarte;
·
Buriti Torto, da viuva de Vesquival
Campos Machado;
·
Palestina, de Antenor de Campos Dutra;
·
Munjolinho, de Antônio de Oliveira
Campos;
·
Piau, de Custódio Correia de Lacerda;
·
Boa Vista, de Coronel Belisário Correia
de Lacerda;
·
Córrego do Ouro, de Sebastião Cordeiro
Valadares;
·
Buriti do Cordovil, de José Jota Filho;
·
Manda Saia, de Andrade Maurício de
Barcelos;
·
Morro, de Ronam Gabriel de Campos
Machado;
·
Forquilha, de Francisco de Abreu;
·
Pompéu Velho, do Estado de Minas
Gerais;
·
Mato Grosso, de José Maria de Carvalho;
·
Curral Velho, dos herdeiros de Pedro
Vieira;
·
Retiro, de Luís Alves de Souza (Lulú);
·
Usina, de José Mariano de Campos
Guimarães (Arrendada);
·
Lapa, de José Maria Álvares da Silva;
·
Junco, de Júlio Valadares Vasconcelos;
·
Taquara Velha, de Felipe Vasconcelos;
·
Capoeira da Serra de Baixo, de Sinésio
de Campos;
·
Papagaio, de Antônio de Oliveira
Campos;
·
Peroba, de João Manuel dos Santos;
·
Mato Grosso, de Galdino Ferreira;
·
Mato Grosso de Cima, de Antônio de
Campos;
·
Poções, de Ozeas de Campos Cordeiro
Valadares;
·
Rocinha, de Nicéias Cordeiro Valadares;
·
Córrego do Ouro, de Augusto de Barcelos;
·
Furado, de Joaquim dos Santos
(Ouinzote);
·
Chacrinha, de Francisco Mendes Maciel;
·
Bocaina, de Joaquim de Barcelos;
·
Buriti do Amorim, de Antônio Ribeiro de
Abreu;
·
Buritizinho, de Domiciano Alves
Corgozinho;
·
Vereda, de Luís de Freitas.
A seguir uma relação menos detalhada de outras fazendas que surgiram
nessa imensidão de terras, incluindo as de Paracatu. Essa listagem foi uma atualização
realizada na década de 1960 e também constante na obra Dona Joaquina do Pompéu,
Sua História e Sua Gente, de Dr. Deusdedit Pinto Ribeiro de Campos, publicada
em 2003. Segue:
Açude da Serra, Amorim, Água Doce, Aterrado, Atoleiro, Açude do Rogaciano,
Bocaina, Bocaina de Cima, Bocaina de Baixo, Buritizinho, Buritizal, Buriti
Comprido, Buriti Torto, Buriti Oco, Buriti do Poço, Botelho, Brejão do Rio do Peixe,
Cordovil, Buriti do Barbosa, Barra do Rio Preto, Brejo do Vigário da Vara, Buriti
do Veado, Buriti do Açude, Busil, Baú, Bálsamo, Batateira, Capoeira de Cima,
Capoeira de Baixo, Cacique, Caiçara, Campo Alegre ll°), Campo Alegre ( 2°),
Campo Alegre 13°), Cipó de Chumbo, Córrego do Ouro de Baixo, Córrego do Ouro de
Cima, Capão do Café, Cachoeira, Capão da Madeira, Cachoeirinha, Choro, Cristo,
Cachoeira do Rio Pardo, Capão do Café, Cachoeira da Serra, Capão da Espora
(Pindorama), Diamante, Esperança, Forquilha (lª) e Forquilha (2ª), Fundão,
Fortuna, Floresta, Guardas, Maria de Almeida, Marruás, Mandasáia, Mocambo do
Buriti, Mocambo do Rio Pardo, Macacos, Mocambinho, Novilha Brava, Olhos D'Água,
Palmital, Paulista, Porteira, Poço, Pindaíba, Pari, Pompéu Velho, Penedo, Pedro
Moreira, Passagem, Palestina, Poções (1°), Poções (2°), Padre, Porto, Pontaria,
Ponte, Pontinha, Pará, Porto Soledade, Quati, Queima Fogo, Retiro, Retirão,
Rancharia, Rio Pardo, Porto do Barreiro, Salto, São Miguel, Santa Rosa, Santa Maria,
Serra, Salobro, Salobro de Baixo, Saudade (1°), Saudade (2°), Três Barras,
Taquara Velha, Junco, Vereda, Veloso, Barra, Indostão, Cana Brava, Gado Bravo,
Bananeiras, Mato Grosso, Cotovelo, Saco Barreiro, Curralinho, Boa Vista,
Palmeiras, Caetetu, Capivara, Lagoa de Trás, Passagem Boa, Invejosa, Pindaíba,
Penedo, Barreiro Branco, Tamboril, Cercado, Atoleiro, Lages, Laranjo, Meloso,
Salgado, Fundo, Jataí, Peroba, Usina, Morrinhos, Piau, Canoas, Furado, Buriti
do Amorim, Buritizinho, Rocinha, Munjolinho, Curral Velho, Lapa, Chacrinha, Rio
Preto.
Essas fazendas que surgiram das terras de Dona Joaquina tem uma
particularidade: seus proprietários herdaram da grande Dama do Sertão o senso
da força para o trabalho e para a luta por dias melhores nesta grande extensão
de terras das Gerais.
Mapa da Comarca de Sabará
“Mappa da Comarca do Sabará pertencente a Capitania de Minas Gerais”
Autoria de José Joaquim da Rocha no ano de 1777.
O mapa mostra a região da comarca do Sabará e seus limites com as comarcas do Serro Frio e de Vila Rica; com parte das capitanias de Pernambuco, Bahia e Goiás. Descrevendo o rio Cariranha; a serra das Araras; o rio São Francisco; o rio Verde; Sobradinho; os rios: Pardo, Urucuia e Claro; São Vicente; o ribeirão de Santa Rita; o rio Paracatu; o arraial de São Romão; os rios: Preto, Escuro, das Almas e de Santo Antônio; o destacamento do rio da Prata; os rios: Abaeté, Marmelada e Paraopeba; a vila de Pitangui, Santo Antônio do Curvelo; o rio das Velhas e o Cipó; a vila do Caeté e Sabará. Observa-se ao centro a Fazenda do Pompeo próxima ao Rio São Francisco, Pará e Paraopeba.
A antiga Capela de Nossa Senhora da Conceição
Primeira Capela construída onde hoje encontra-se a Santa Casa de Misericóridia de Pompéu. Sua fundação se deu por por volta de 1840 por ordem de Joaquim Cordeiro Valadares - genro de Dona Joaquina - e seguiu o mesmo estilo e proporções da capela da Fazenda do Pompeo.
Observa-se no entorno o cemitério foi demolido na década de 1950.
Foto doada ao Instituto Histórico e Geográfico de Pompéu por Dr. Geraldo Vieira a quem agradecemos.
Pompéu hoje é um importante centro de cultura e presrvação da História. Cabe-nos, conhecer mais, divulgar e aplaudir.
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