sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

A fazenda Nossa Senhora da Conceição do Pompeo: Uma breve síntese do passado ao presente





                                                                                                                                 
A fazenda Nossa Senhora da Conceição do Pompeo, aparece pela primeira vez em um registro existente no cartório do Distrito de Bento Rodrigues em Mariana no ano de 1756. Mostra que o primeiro proprietário a se ter notícias destas terras foi ninguém menos que o bandeirante Bartolomeu Bueno da silva, o Anhanguera, e se localizavam em uma área que ia do rio Pará ao Paraopeba até às margens do rio São Francisco.
Anhanguera partiu para Goiás nos anos de 1717 e 1718 e em 1723 o sertanista Antônio Pompeo Taques requereu estas terras em sesmaria e aqui ficou até 1728.
Com a vinda de Antônio Pompeo Taques esta fazenda passou a ser denominada Fazenda Nossa Senhora da Conceição do Antônio Pompeo Taques, que as cedeu ao Capitão-Mor Francisco de Barros Braga. Em 1738 foram a leilão sendo arrematadas pelo Tenente Coronel João Gonçalves Fraga que as vendeu para seu sobrinho Estevão Gonçalves Fraga, e este vendeu ao senhor Manoel Gomes da Cruz em 1756 – ressalta-se que esses dados são do cartório de Bento Rodrigues em Mariana, infelizmente arrasado na maior tragédia ambiental deste país.
Nesse tempo a fazenda do Pompeo, como já era então denominada, incorporava os retiros Agua Doce, Choro, Diamante, Mato Grosso, Pari, Passagem, Paulista, Quati, Santa Rosa e Três Barras.

A chegada de Cap. Inácio e Dona Joaquina

Após o casamento Cap. Inácio e Joaquina, residiram em Pitangui onde nasceram todos os filhos e em 1784 arrendaram a fazenda do Pompeo, então pertencente a Manoel Gomes da Cruz e em 1792 resolveram comprá-la de vez.
A escritura foi lavrada em 17 de julho de 1792 no arraial de Catas Altas da Noruega e nela são mencionadas além da fazenda do Pompeo as fazendas Mato Grosso, Santa Rosa e Passagem - antiga Montserrat - com seus retiros, casas, currais, além de 39 escravos, gado vacum e cavalar que fossem marcados com a marca de Manoel Gomes da Cruz. O valor da fazenda foi de 11.200$000 (onze mil e duzentos contos de réis), sendo 7.595$995 a vista e 3.693$005 em prestações anuais de 500$000, tendo sido dado ao comprador um prazo de dois anos caso se tornasse inadimplente.
Com a compra definitiva da propriedade foi necessário que se construísse uma nova sede e isso aconteceu sobre o comando do mestre-carapina Tomé Dias, vindo do arraial de São Joanico, atual cidade de Maravilhas.
Eram na verdade dois sobrados de dois andares que se comunicavam e ao todo possuíam quarenta e dois cômodos. Era toda de pau-a-pique, sendo que o telhado era dividido em quatro faces e coberto por telhas coloniais. O assoalho era feito de tabuas com mais de dez centímetros tiradas de madeira de lei: Angico, peroba, aroeira, carvalho e bálsamo. Já as portas e janelas tinham mais de seis centímetros de espessura.
A construção tinha aproximadamente 800 metros quadrados e o pé direito era aproximadamente de quatro a cinco metros de altura. Esta magnífica construção foi demolida aos 27 de abril 1954, sem nenhum motivo justificável quando governava o Estado de Minas Gerais o senhor Juscelino Kubitschek de Oliveira.

A verdadeira reforma agrária

Da fazenda do Pompeo originaram-se as seguintes fazendas, de acordo com levantamento da década de 1940, publicado na obra do escritor Deusdedit Pinto Ribeiro de Campos:

·         Fazenda da Boa Vista (Fazenda nova), de Belisário Lacerda;
·         Pedro Moreira (Fazenda velha), de Cornélio Lacerda;
·         Morro do Vale, de Francisco de Menezes;
·         Palmira (fazenda velha), de Antônio M. Correa de Lacerda;
·         Salobro (Fazenda nova), de Francisco Correia;
·         Salobro, de Joaquim Higino de Campos Cordeiro (Quito);
·         Maria de Almeida (Fazenda antiga), de José Luís de Campos Machado;
·         Aterrado (Antiga), de Jorge Cordeiro Valadares;
·         Cabaceiras, de José Maria Álvares da Silva (Lilico);
·         Caetitu, de Altino Gabriel de Sousa Machado;
·         Campo Alegre, de Oscar de Oliveira Campos;
·         Capivara, de lnácio de Oliveira Campos;
·         Retiro, de João Serra Machado;
·         Fazenda da Chácara, de Rodrigo de Campos Cordeiro Valadares;
·         Cordovil, de José Higino de Campos Cordeiro (Zé Jota);
·         Lagoa de Trás, de Toniquinho Gabriel de Souza Machado;
·         Esperança, de Antônio Garcia Cordeiro Valadares;
·         Lagoinha, de Manoel dos Santos;
·         Pedro Moreira, de Querubino Corrêa de Lacerda.
·         Mocambinho, de João Serra Machado;
·         Serra, de Félix Dias Maciel;
·         Novilha Brava, de Luís Miguel Afonso;
·         Floresta, de Francisco Gonçalves Ferreira;
·         Curralinho, de Álvaro de Campos Cordeiro Valadares;
·         Penedo, de Álvaro de Campos Cordeiro Valadares;
·         Paulista, de Álvaro de Campos Cordeiro Valadares;
·         Mato Grosso, de José Maria de Carvalho;
·         Manda Saia, de Jair de Campos Cordeiro Valadares;
·         Bananeiras, de Antônio de Campos Cordeiro;
·         Poço, de Joaquim Higino de Campos Cordeiro;
·         Bocaina, de Toniquinho Gabriel de Souza Machado;
·         Pau a Pique, de Maria de Oliveira Machado;
·         Vereda, de Amélia de Souza Machado;
·         Buriti Torto, de Joana de Souza Machado;
·         Rio Preto, de Renato Filgueiras;
·         Rio Pardo, de Antônio Valadares de Vasconcelos;
·         Invejosa, de Álvaro de Campos Cordeiro Valadares;
·         Pindaíba, de filhos de Cristiano de Campos Cordeiro;
·         Penedo (antiga), de Belchior do Penedo;
·         Barreiro Branco, de Gilberto Cordeiro Valadares;
·         Cercado, de Crisipo de Campos Cordeiro;
·         Cipó de Chumbo, de Fernando Antônio de Souza;
·         Amorim, de Joaquim Higino de Campos Cordeiro;
·         Tamboril, de Sebastião Mendes Maciel;
·         Angola, de Antônia Cordeiro Maciel;
·         Diamante, de Francisco Procópio Lobato;
·         Saco Barreiro, de Bolivar de Campos Cordeiro;
·         Cana Brava, de Belchior Cordeiro Valadares;
·         Tira Saia, de Francisco Procópio Lobato;
·         Olhos D'água, de Aprígio de Campos Cordeiro;
·         Boa Vista (Antiga), Alcides Mendes Maciel;
·         Laranjo, de Estanisiáu de Campos Castelo Branco (Teláu);
·         Serra (Antiga), de Francisco Severino Dias Maciel;
·         Atoleiro, de Antônio Joaquim de Oliveira Machado;
·         Forquilha, de Jacinto de Abreu;
·         Saudade, de Álvaro de Campos Cordeiro Valadares;
·         Saudade de Cima, de Pedro Gonçalves de Oliveira;
·         São Miguel, de Procópio Lobato;
·         Cachoeira, de José Maria Álvares da Silva;
·         Meloso, de José Maria de Carvalho;
·         Lages, de Deodoro Cordeiro Valadares;
·         Marruás, de Antônio de Assis Machado;
·         Cachoeira do Rio Pardo, de Antônio Diogo de Vasconcelos;
·         Passagem Boa, de Saladino de Freitas;
·         Ouati, de herdeiros de Dona Adelaide Álvares da Silva, viúva de Joaquim Maria Álvares da Silva;
·         Cacique, de Azejúlia Alves de Souza e Silva, arrendada a Jacinto Caetano da Silva Guimarães e Omar de Campos Guimarães;
·         Indostão, de Dr. Francisco Luís da Silva Campos. (Ministro Francisco Campos);
·         Caiçara, de Ronam Gabriel de Campos Machado;
·         Choro, de José Gabriel de Campos Machado (Casula);
·         Palmital, de Ormindo de Campos Cordeiro Valadares;
·         Porteira, Dário Cordeiro Valadares;
·         Cachoeira, Antônio Correa de Lacerda;
·         Barreiro (Antiga), de José Lino;
·         Água Doce, de Leonídio Correia;
·         Pouso Alegre, de Sebastião de Campos Cordeiro;
·         Salgado, dos herdeiros de Sebastião Augusto de Campos Cordeiro;
·         Fundo, de Álvaro de Campos Cordeiro Valadares Neto;
·         Jatai, de José Gabriel de Campos Machado;
·         Mata do Salobro, de Félix Mendes Maciel (Filhinho);
·         Buriti do Atoleiro, de Luís de Campos Machado;
·         Buriti da Bocaina, de Angélica Dias Maciel;
·         Pontinha, de Higino de Abreu;
·         Capoeira da Serra de Cima, de Deusdedit de Campos Machado;
·         Brejão, de José Jota de Campos Cordeiro;
·         Canoas, de Altivo Duarte;
·         Buriti Torto, da viuva de Vesquival Campos Machado;
·         Palestina, de Antenor de Campos Dutra;
·         Munjolinho, de Antônio de Oliveira Campos;
·         Piau, de Custódio Correia de Lacerda;
·         Boa Vista, de Coronel Belisário Correia de Lacerda;
·         Córrego do Ouro, de Sebastião Cordeiro Valadares;
·         Buriti do Cordovil, de José Jota Filho;
·         Manda Saia, de Andrade Maurício de Barcelos;
·         Morro, de Ronam Gabriel de Campos Machado;
·         Forquilha, de Francisco de Abreu;
·         Pompéu Velho, do Estado de Minas Gerais;
·         Mato Grosso, de José Maria de Carvalho;
·         Curral Velho, dos herdeiros de Pedro Vieira;
·         Retiro, de Luís Alves de Souza (Lulú);
·         Usina, de José Mariano de Campos Guimarães (Arrendada);
·         Lapa, de José Maria Álvares da Silva;
·         Junco, de Júlio Valadares Vasconcelos;
·         Taquara Velha, de Felipe Vasconcelos;
·         Capoeira da Serra de Baixo, de Sinésio de Campos;
·         Papagaio, de Antônio de Oliveira Campos;
·         Peroba, de João Manuel dos Santos;
·         Mato Grosso, de Galdino Ferreira;
·         Mato Grosso de Cima, de Antônio de Campos;
·         Poções, de Ozeas de Campos Cordeiro Valadares;
·         Rocinha, de Nicéias Cordeiro Valadares;
·         Córrego do Ouro, de Augusto de Barcelos;
·         Furado, de Joaquim dos Santos (Ouinzote);
·         Chacrinha, de Francisco Mendes Maciel;
·         Bocaina, de Joaquim de Barcelos;
·         Buriti do Amorim, de Antônio Ribeiro de Abreu;
·         Buritizinho, de Domiciano Alves Corgozinho;
·         Vereda, de Luís de Freitas.

A seguir uma relação menos detalhada de outras fazendas que surgiram nessa imensidão de terras, incluindo as de Paracatu. Essa listagem foi uma atualização realizada na década de 1960 e também constante na obra Dona Joaquina do Pompéu, Sua História e Sua Gente, de Dr. Deusdedit Pinto Ribeiro de Campos, publicada em 2003. Segue:

Açude da Serra, Amorim, Água Doce, Aterrado, Atoleiro, Açude do Rogaciano, Bocaina, Bocaina de Cima, Bocaina de Baixo, Buritizinho, Buritizal, Buriti Comprido, Buriti Torto, Buriti Oco, Buriti do Poço, Botelho, Brejão do Rio do Peixe, Cordovil, Buriti do Barbosa, Barra do Rio Preto, Brejo do Vigário da Vara, Buriti do Veado, Buriti do Açude, Busil, Baú, Bálsamo, Batateira, Capoeira de Cima, Capoeira de Baixo, Cacique, Caiçara, Campo Alegre ll°), Campo Alegre ( 2°), Campo Alegre 13°), Cipó de Chumbo, Córrego do Ouro de Baixo, Córrego do Ouro de Cima, Capão do Café, Cachoeira, Capão da Madeira, Cachoeirinha, Choro, Cristo, Cachoeira do Rio Pardo, Capão do Café, Cachoeira da Serra, Capão da Espora (Pindorama), Diamante, Esperança, Forquilha (lª) e Forquilha (2ª), Fundão, Fortuna, Floresta, Guardas, Maria de Almeida, Marruás, Mandasáia, Mocambo do Buriti, Mocambo do Rio Pardo, Macacos, Mocambinho, Novilha Brava, Olhos D'Água, Palmital, Paulista, Porteira, Poço, Pindaíba, Pari, Pompéu Velho, Penedo, Pedro Moreira, Passagem, Palestina, Poções (1°), Poções (2°), Padre, Porto, Pontaria, Ponte, Pontinha, Pará, Porto Soledade, Quati, Queima Fogo, Retiro, Retirão, Rancharia, Rio Pardo, Porto do Barreiro, Salto, São Miguel, Santa Rosa, Santa Maria, Serra, Salobro, Salobro de Baixo, Saudade (1°), Saudade (2°), Três Barras, Taquara Velha, Junco, Vereda, Veloso, Barra, Indostão, Cana Brava, Gado Bravo, Bananeiras, Mato Grosso, Cotovelo, Saco Barreiro, Curralinho, Boa Vista, Palmeiras, Caetetu, Capivara, Lagoa de Trás, Passagem Boa, Invejosa, Pindaíba, Penedo, Barreiro Branco, Tamboril, Cercado, Atoleiro, Lages, Laranjo, Meloso, Salgado, Fundo, Jataí, Peroba, Usina, Morrinhos, Piau, Canoas, Furado, Buriti do Amorim, Buritizinho, Rocinha, Munjolinho, Curral Velho, Lapa, Chacrinha, Rio Preto.

Essas fazendas que surgiram das terras de Dona Joaquina tem uma particularidade: seus proprietários herdaram da grande Dama do Sertão o senso da força para o trabalho e para a luta por dias melhores nesta grande extensão de terras das Gerais.



Mapa da Comarca de Sabará

“Mappa da Comarca do Sabará pertencente a Capitania de Minas Gerais”
Autoria de José Joaquim da Rocha no ano de 1777.


O mapa mostra a região da comarca do Sabará e seus limites com as comarcas do Serro Frio e de Vila Rica; com parte das capitanias de Pernambuco, Bahia e Goiás. Descrevendo o rio Cariranha; a serra das Araras; o rio São Francisco; o rio Verde; Sobradinho; os rios: Pardo, Urucuia e Claro; São Vicente; o ribeirão de Santa Rita; o rio Paracatu; o arraial de São Romão; os rios: Preto, Escuro, das Almas e de Santo Antônio; o destacamento do rio da Prata; os rios: Abaeté, Marmelada e Paraopeba; a vila de Pitangui, Santo Antônio do Curvelo; o rio das Velhas e o Cipó; a vila do Caeté e Sabará. Observa-se ao centro a Fazenda do Pompeo próxima ao Rio São Francisco, Pará e Paraopeba. 


A antiga Capela de Nossa Senhora da Conceição 

Primeira Capela construída onde hoje encontra-se a Santa Casa de Misericóridia de Pompéu. Sua fundação se deu por por volta de 1840 por ordem de Joaquim Cordeiro Valadares - genro de Dona Joaquina - e seguiu o mesmo estilo e proporções da capela da Fazenda do Pompeo.
Observa-se no entorno o cemitério foi demolido na década de 1950. 

Foto doada ao Instituto Histórico e Geográfico de Pompéu por Dr. Geraldo Vieira a quem agradecemos. 





Um comentário:

  1. Pompéu hoje é um importante centro de cultura e presrvação da História. Cabe-nos, conhecer mais, divulgar e aplaudir.

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