Dentro das postagens que antecedem as celebrações comemorativas dos 80 anos de emancipação de Pompéu a ser comemorada no próximo 17 de dezembro, farei uma homenagem ao saudoso Vêu, como era conhecido José Iracy Torquato, publicando o poema Buriti da Estrada.
O Distrito de Nossa Senhora da Conceição do Pompeo, ou somente Pompeo era conhecido carinhosamente como Buriti da Estrada, devido ao pouso dos buritis que embelezavam essas paragens como um oásis na imensidão dos sertões das Gerais.
Muito mais poético que a lembrança ao grande general Romano e ao sertanista Antônio Pompeo Taques, a simples menção Buriti da Estrada soa mais leve e límpido causando até mesmo indignação por parte de várias pessoas por não se ter adotado tão belo nome a essas paragens tão ricas de história, amor e fé!
Segue o poema publicado no livro "Versos do Reino Encantado" publicado na década de 1980.
Minha Terra Natal
É a minha infância
Por isso que gosto
De minha saudade
O convívio agitado
Meninos de minha idade
O Grupo Escolar
A Igreja Matriz
O córrego. O futebol
Arapucas para pegar saracura
Priás a cacetadas e pedradas
Passeios pelas fazendas
Os parentes da família grande
O cavalo. A bicicleta
As primeiras namoradas
Bailes e serenatas
Piquenique
Vida cheia
Numa cidadezinha vazia
Hoje tudo passou
Onde estão eles?
Os meninos de minha idade?
_ Eles estão morrendo
Cresceram também
Envelheceram alguns
E estão morrendo
O que resta de mim?
Rebusco e me comovo
Uma história de meiguice
História de crianças e jovens
História repetindo por aí
Uma história encantada que vivi,
Que foi minha vida
Não se inventa um passado
Não se repete
Uma vez só e...pronto
Foi tudo simples
Mas, foi bom
Foi minha vida.
Quem foi Vêu?
Nas palavras de seu filho Vasco:
José Iracy Torquato, descendente de D. Joaquina, apaixonado pela sua terra natal, Pompéu, homem de estatura média, moreno claro, que depois de aposentado adotou sua fazendinha do Saraiva, em Betim, hoje Sítio Rumo do Poeta, como sua morada. Adorava viajar, jogar conversa fora, discutir política. Era adepto as ideias de igualdade social. Dizia que era um comunista por vocação.
Foi em Betim que começou a escrever seus "causos", relatar estórias, falar de seus sentimentos, sua vida, seus medos. Sabia ver e apreciar o belo, escutar e olhar o mundo, descobrindo o pitoresco, o engraçado de cada lugar, situação ou pessoa. Retratava o dia a dia da vida, suas dificuldades, alegrias e tristezas. Sempre sondando sua alma a procura dos "porquês" e dos "sentidos" para a existência, escrevia poemas que mesmo deixando transparecer a desesperança e descrença, são carregados de bom humor.
A título de curiosidade histórica, ressalta-se que Vêu era casado com Edite Campos, filha do primeiro prefeito de Pompéu, o senhor Francisco José da Silva Campos.
Vêu (José Iracy Torquato) e sua esposa Edite Campos [Torquato]
Foto cedida por Vasco Torquato
Este espaço publicará em outras ocasiões outros versos de José Iracy Torquato
#Pompéu80anos