segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Dona Joaquina do Pompéu - Alguns fatos curiosos


Impossível nas primeiras postagens deste espaço fugirmos da história de nossa principal matriarca, símbolo de mulher forte e avançada para sua época. Muito já se falou da grande “Dama do Sertão”, Heroína “Mineira da Independência”, a “Sinhá Braba”... Não entraremos aqui no mérito se foi uma mulher boa ou má, mas uma coisa é certa, sua importância e seu caráter são símbolos de uma personalidade marcante encontrada até hoje em seus descendentes, principalmente nas mulheres de Pompéu.
Nascida aos 20 de agosto de 1752, Joaquina Bernarda da Silva de Abreu Castelo Branco teve sua infância marcada pela perda da mãe, criada por um pai culto, na cidade de Mariana, que naquela época era a capital da Capitania de Minas Gerais.
Além de sede do poder temporal, era a primeira cidade de Minas Gerais a ter uma sede episcopal, tendo seu Bispo e cabido, centro da intelectualidade, arte e cultura! A menina Joaquina cresceu em meio a essa efervescência cultural, moldando seu caráter e visão de mundo. Este mundo, ao mesmo tempo cercado pelas serras das gerais, propiciava à menina o que havia de mais iluminado e moderno até então. O distrito do Pompeo, na década de 1910 já contava com um jornal bem avançado – O Pompeano e nos arquivos do Instituto Histórico e Geográfico de Pompéu temos alguns exemplares que trazem dentre outras curiosidades uma coluna intitulada Papeis Velhos do Pompeo, com transcrições antigas sobre Dona Joaquina do Pompéu. Na edição de abril de 1919 encontramos o seguinte documento que aqui transcrevemos:

D. Joaquina – dizem os documentos de números 29 a 59 – foi religiosa assim:
a)  Morto seu marido a 6 de maio de 1804, foi seu corpo acompanhado a sepultura por 10 padres que celebraram 10 missas de corpo presente;
b)  Foi zeladora da capela da Penha no morro do Batatal, em Pitangui de 1804 a 1821, a qual prestou grandes serviços;
c) Mandou celebrar 630 missas, umas em sufrágio de seu marido e outras de diversas almas;
d)   Coadjuvou para se ordenar um padre;
e)   Chamava padre a sua fazenda para celebrar missas;
f)    Deu a capela de Santa Ana da Catinga, do termo de Paracatu, 100 bois a 2$000;
g)   Socorria os presos da cadeia de Pitangui;
h)  Legou à capela deste arraial 150$000 e da Penha em Pitangui, quantia que os documentos não dizem.

                                   Jornal O Pompeano    

Ora, analisando todo esse contexto pode-se concluir com certeza, que ali moldou-se uma cidadã e esta marca a acompanharia pelo resto da vida, imprimindo assim a imagem de uma mulher severamente rígida em seu caráter, que com o relaxamento dos princípios no correr dos anos confundiu-se com a imagem de uma antagonista de seu tempo.



Capela da Penha - Pitangui/MG
Local do casamento de Dona Joaquina e Cap. Inácio
Uma das capelas que receberam ajuda de Dona Joaquina
Tela do renomado pintor Giancarlo Scapolatempore - Ano 2015




domingo, 28 de outubro de 2018

FAZENDA DO DIAMANTE

Há alguns anos recebi esse belo poema escrito por Jerônimo Vieira Neto. 

Trata-se de uma canção da saudade daquele que viveu em uma das maiores fazendas do Pompéu. 

Jerônimo Vieira Neto nasceu aos 7 de julho de 1910 e foi casado com Geralda Dolores do Nascimento Vieira. Deixou os filhos Plínio, Miguel, Jerônimo, Terezinha, Pedro e Geraldo Cândido. Homem culto e de grande preocupação com a memória preservou vasto acervo documental e fotográfico. 

Segue o poema que me foi passado por sua sobrinha Dra. Mirtes Magnária Vieira Gomes. 



A antiga sede da Fazenda do Diamante
Hoje o local está submerso pelo lago da represa de Três Marias 
Foto cedida por Dr. Odilon Lobato 





A Fazenda do Diamante
Bicentenária do lugá
Criou muitos homens
Que até hoje tem que louvá

A sua descendência
Eu tenho que ignorá
Deve ter alguém que sabia
O primeiro morador do lugá

O velho Sinhô Jerome
È o que deixou mais fama
Possuidor de muitos escravos
E de grande família bacana

Não havia ladroagem
Nem mesmo mexeriqueiro
Era tudo perseguido
E a ordem voltava ligeiro

Ali tinha tudo: ordem, religião, moral, costume
Quem pisasse fora disso
Ia pro escuro sem lume

Possuidor de muito gado
Engenho de cana e chácara de café
Uma lavoura medonha
Que conto tudo como é

Tinha senzala de escravos
No centro da casa de mora
E em roda da fazenda
Tinha casas pra eles habitá

Os escravos viviam juntos
Cada qual tinha sua muié
Precisava vocês terem visto aquilo
Pra conta depois como é.

A roda d’água do engenho
Tocava a mão de pilão
Funcionavam os fusos
Que as negras faziam um pavão

O véio ia pra perto
Na hora das negras fiá
Gostava de ver o movimento
E também das negras cantá

Pra não matratar as negras
Não gostava de feitor
A direção do serviço
Era um negro de confiança e valor

Tinha toda diversão
Instrumentos de criagens africana
Pandeiro, tambor, urucungo
Berinbau, guitarra e havaiana

Os instrumentos indígenas
Da época do Brasil Colonial
Pinta, reco-reco, porunga
Faziam um barulho infernal.

A viola portuguesa
Aqui também havia
Dançavam batendo o pé
Era uma poeira que fazia

Da sanfona italiana
Desta também vou fala
E os escravos mais velhos
Na de oito baixo era bão pra daná.

Havia tantas danças
Que já estão desaparecidas
A guaiana, o jacaré, o gambá
Boa paz com pinga corrida

As danças africanas
Conservadas pelo Honório, capitão
Eram diferentes das outras
Pelo modo de pisá no chão

Deixamos os mais instrumentos
Que nem sei mencioná
Falo da liberdade dos negros
O que com eles vi passa

No dia da liberdade
O véio, veio fala
Vocês estão livres como eu
A honra que quiser pode muda

Essa vida levou um ano
Os escravos sempre na fazenda
Trabalhando e correndo
Com a liberdade ia na venda

O escravo Tio Chico
Foi passear no Barro Alto,
Na venda do Pedro Epifânio
Onde aconteceu este fato:

Antônio Garrucha lia um
jornal que dizia:
Todo escravo que ficar na fazenda mais de
um ano perde a forria.

O nego tio Chico alertou os outros pra dar uma arribada
Quando foi no outro dia
Reuniu toda negrada

Mas o Sinhô Jerome acalmou eles
Não deixou ir abanano as mãos
Manda João Ferreira
Passá pra todos um título de mão

Doando a eles 20 alqueires de mata
Oitenta de Campo e cerrado
E não quis que eles saíssem
Assim tão apressados.

Mandou matar dois capados
Deu arroz feijão e farinha
Enchendo pra eles os sacos
Porque muitas coisas ele tinha.

Os negos não tinham raciocínio
Faziam o que era mandado
Não levou nem um ano
Voltaram todos acabrunhados.

Até hoje existe um dos descendentes negro/na fazenda do Quim
É só ir lá pra sabê
Se acaso não foi assim.

 Não conto mais nada
Porque os anos são passados
Só sei desses casos
porque os negros restantes tem me contado

A mocidade de hoje
Não quer saber história do passado
Se eu não tivesse escrito isso
Nada tinha recordado

Foi assim que viveu nossa família famosa
Vai ficar pra eternidade
Foi moral exemplar e religiosa

O velho deixou 6 filhos
Todos fazendeiros afamados
Não sei se os netos conservam
A dignidade dos velhos falados

Sinhá Gorda sendo mais velha
Casou-se com Sinhô Martins
Ele sendo tio dela
O casamento foi assim.

Depois sinhô Pedro
residente no Curral Velho
Foi bastante viajado
Andou muito e morreu velho

O 3º é o Sinhô Cândido
Morava na Marmelada
Possuía muito gado e 1 carro Sedan
Tinha uma vida regulada

O 4º e o Sinhô Jeruminho
Que ficou morador do Diamante
O mais famoso dos filhos
Seu passado é interessante.

Sinhô Cândido casou-se com Clara
Sinhô Pedro casou-se com Joana
Sinhô Jerônimo casou-se com Rosa
Todas filhas da Tia Tina das Mamonas

Sendo filhas do Chico Lino
Dono das Mamonas Também
Deu licença de suas 3 filhas casarem c/ 3 irmãos
Que são gente de bem.

A 5ª filha é Sinhá Quita
Casada com João Ferreira
Deixou família em São Gotardo
Em Dores muitos herdeiros
.
Falo agora de Sinhá Emília
Casada com Pedro Lino
O Nô filho deles
Foi um poeta menino.

Falo agora do caçula Sinhô Miguel
Morador do Sucuiú
Onde conserva os instrumentos e danças
O congado, caratê e cururu

Quem escreveu esta história verdadeira
É o filho do Miguel, neto do velho honrado
Pra todos ficarem sabendo
Como foi o passado.


Jerônimo Antônio Vieira Rabello (Jerônimo do Diamante)
Bisneto de Dona Joaquina do Pompéu e Cap. Inácio de Oliveira Campos
Nascido aos 20 de dezembro de 1823 e falecido aos 8 de outubro de 1895.
Foi casado com Ignés Umbelina de Oliveira e Silva também bisneta do casal do Pompéu


Jerônimo Antônio Vieira Rabello Filho com sua esposa e prima Rosa Lino Fiuza




Jerônimo Vieira Neto e suas alunas da escola da Fazenda Sucuiu


Casamento de Francisco Procópio Lobato com Inês Umbelina, filha de Jerônimo Filho e Rosa Lino Fiúza na fazenda do Diamante
1905
Nesta foto aparecem dentre outros o Padre João Porto e Matias Lobato 


Pedro de Alcântara Vieira 
(Pedro do Curral Velho)
Filho de Jerônimo Antônio Vieira Rabello (Jerônimo do Diamante)
Foi casado com sua sobrinha Joana Lino Fiúza







Posse de Hugo de Castro no Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais



No dia 15 de setembro às 10 horas realizou-se no Centro Cultural Dona Joaquina do Pompéu, em Pompéu/MG a sessão solene conjunta entre o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e o Instituto Histórico e Geográfico de Pompéu, oportunidade na qual tomou posse como Associado Correspondente do Instituto Mineiro o jovem Hugo de Castro.
A solenidade presidida pela segunda vice-presidente do IHGMG, professora Regina Almeida contou com a presença de cerca de 80 pessoas e dentre as autoridades destacou-se a do prefeito municipal de Pompéu Ozéas da Silva Campos, do vice-prefeito de Pompéu Dr. Evângelos Adriano, do vice-prefeito de Luz Antônio Carlos Xavier, do secretário municipal de Cultura Edson Trindade, os vereadores José Romualdo e Nilson Alencar, do presidente da Federação Mineira de Turismo (FACITUR) Marco André, além dos associados efetivos do IHGMG Dr. Ozório Couto, Dr. Gilberto Madeira Peixoto, Dr. Paulo Paranhos e Dr. Iácones Vargas que conduziu o cerimonial com primor. Marcaram presença também os associados do IHGP, fundado por Hugo de Castro em 2015, seus familiares, amigos e sua bela namorada Dra. Letícia Xavier.
No início da sessão foi lido o expediente com mensagens de congratulações enviadas pelo Príncipe Imperial do Brasil Dom Bertrand de Orleans e Bragança, pelo jurista pompeano e primo do empossado Professor José Afonso da Silva, do ex-deputado Carlos Eloy Carvalho Guimarães, da professora jurista Maria Coeli Simões Pires, da artista Yara Tupynambá, e do professor catedrático da Universidade do Ceará Dr. José Luiz Lira, responsável pela reconstrução facial de Dom Pedro I, amigo e irmão do empossado na Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém.
No ato da posse, após prestar compromisso recebeu das mãos da presidente em exercício o diploma de associado e de sua mãe Regina Castro o distintivo na lapela representando sua titularidade com a egrégia casa. Saudaram o empossado a senhora presidente, o prefeito municipal e o médico Dr. Odilon Lobato, associado benemérito do IHGP.
Após o discurso oficial de posse, momento que assinalou a importância histórica do momento, uma vez que estava sendo o primeiro pompeano a tomar posse na mais antiga instituição de história de Minas Gerais, Hugo de Castro recebeu os cumprimentos de todos os presentes durante coquetel servido nas dependências do belo espaço cultural.

As fotos do evento são do renomado fotógrafo Léo Medeiros e o buffet de Patrícia Ciolleti.


Dr. Evângelos, Milene Elba, Dr. Paulo Paranhos, Professora Regina Almeida, Hugo de Castro, Ozéas da Silva Campos, Toninho Xavier e Marco André.

Professora Regina Almeida, Hugo de Castro, Ozéas da Silva Campos, Toninho Xavier e Marco André


Dra. Letícia Xavier e Hugo de Castro 

Professora Regina Almeida, Vice presidente do IHGMG assina o termo de posse de Hugo de Castro 
Hugo de Castro assina o termo de posse

Tonhinho Xavier, Fátima Santiago, Dra. Letícia Xavier e Hugo de Castro 

Sr. Nezinho que abrilhantou a solenidade

Zé Carlos 

Hugo de Castro recebe da Professora Regina Almeida o Diploma de Associado tendo ao seu lado sua mãe Regina Castro 

Recebendo da mãe o distintivo do IHGMG 

Hugo de Castro faz seu pronunciamento 


Dr. Odilon Lobato 

O prefeito Ozéas da Silva Campos 

Hugo de Castro e sua mãe Regina Castro 

Dr. Evângelos, Professora Regina Almeida, Hugo de Castro, Dra. Letícia Xavier e Ozéas da Silva Campos

Com Dr, Gilmar Castelo Branco Oliveira 

Com Maria Mara dos Santos Vieira 



Toninho Xavier, Hugo, Dra. Letícia Xavier, Ozório Couto e Iácones Vargas 

Com Dr. Rubéns Bittencourt

Com a professora Luzia Casas 

Com Marco André

Sr. Nezinho, Dona, Dona Marlê e Zé Carlos 

Com a professora Soraia Maciel 

Com Dr. Paulo Paranhos e Dra. Lourdes Paranhos

Com Dr. Odilon Lobato 

Com Chico Barbosa 

Com Gilmar Garcia, sua mãe Regina Castro, Elmira Xavier, Keila Sinara e Gelma Garcia


Com Dr. Ozório Couto 


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